terça-feira, 29 de julho de 2008

Norte da Tailândia com tudo que tem direito

O Rei da Tailândia é o cara. É o que todo aprendiz de político quer ser quando crescer. Segunda-feira é o dia que o povo sai às ruas com roupas amarelas para homenagear seu querido governante e como se não bastasse há fotos do homem espalhadas por todo país. Sério, é impossível andar 50 metros sem ver um painel gigante com a foto do rei, em toda casa que se entra está lá o homem. Depois de alguns dias tu já achas que ele é íntimo teu, ou o que é pior, que ele está te observando e sabe tudo o que tu andas fazendo.

Saímos de Bangkok rumo ao norte do país, a cidade de Chiang Mai. Ponto de partida para várias coisas que se imaginam sobre a Tailândia, passeios de elefante, mulheres pescoçudas, florestas tropicais. No entanto a primeira coisa que procuramos ao chegar foi um centro de meditação, no nosso caso o Wat Suan Dok, vinculado a universidade. Fazia tempo que estávamos interessados em experimentar a técnica vipassana, que prima por obter insights através da meditação. Geralmente os cursos são a partir de 10 dias, mas o nosso seria uma breve introdução. Três dias para parar um pouco, baixar a poeira da Índia e se concentrar na nova fase da viagem que está começando.

O primeiro dia foi muito legal, aprendemos várias técnicas para desacelerar e despoluir a mente e se concentrar no presente. Agora no segundo e terceiro dias foi bem mais difícil de atingir a tal da concentração. Acho que quando finalmente as coisas fluiriam melhor o curso acabou. Na segunda noite que dormimos no instituto, situado na entrada da floresta o Preto achou dois escorpiões dentro do nosso quarto. Fiquei feliz de ter escapado ilesa aos bichinhos peçonhentos mesmo andando de pés descalços e dormi tranqüila. Eu mal sabia que por aqueles dias eu teria um encontro com um mosquitinho preto e branco que fez um estrago danado, mas essa só vou contar na seqüência (próximo post).

O curso do Wat Suan Dok também trouxe surpresas boas, conhecemos pessoas muito legais com as quais nos encontramos vários dias na seqüência, muito boa a sensação de novamente ter um grupo de amigos. Saímos para comemorar o aniversário do Shiraz, uma figura, inglês com cara de indiano que já viveu no Brasil. Toda vez que ele nos via falava bem alto “Viva Brasil” e a gente respondia “Viva!”.

O cara se empolgou e bancou a festa pra todo mundo, rolou Aline na bateria, canja de gringos no microfone, festão. Ele não cansava de sugerir ao Preto para experimentar o que ele considera a mais autêntica e melhor massagem tailandesa, a happy-ending massage. Para quem não sabe é aquele tipo de massagem que após massagear o corpo do homem a mulher chega às partes que não costumam ser massageadas em massagens convencionais até que o homem alcance um final feliz.

Pois é, enquanto os túk-túks dominam as ruas, quem parece estar sempre com o taxímetro ligado são as meninas que povoam os bares e institutos de massagem da cidade e de vez em quando passam de mãos dadas com um gringo coroa se achando legalzão. Sinto muito meu amigo Shiraz, mas comigo por perto sem chance, experimentamos a tradicional massagem tailandesa, aquela que aperta, puxa, torce e diferentemente da indiana que relaxa, essa dói. E olha que legal, realizada pelas mãos experientes de pessoas cegas.

Ficamos um pouco perdidos com a quantidade de pacotes oferecidos na região. Para visitar a verdadeira tribo de mulheres pescoçudas refugiadas de Mianmar o trajeto era longo ou envolvia dias de trilha e um preço bem gordo. Acontece que o turismo na Tailândia não é fraco e eles trouxeram algumas famílias não só dessa como de diversas tribos para viver em vilarejos perto da cidade. O fato é que hoje existem diversas vilas de mulheres pescoçudas nos arredores de Chiang Mai, de acordo com o trajeto do pacote turístico em questão. E seja ela qual for, a original ou as demais, são todas essencialmente turísticas. Uma vez vi uma jornalista se referir a elas como um zoológico humano e infelizmente não consegui achar uma expressão que se enquadrasse melhor.

Ao chegar no vilarejo, há vários ateliês onde as mulheres ficam sentadas confeccionando lenços e tentando vender suvenires. E não é que elas são pescoçudas mesmo? Na verdade não é o pescoço que aumenta e sim o ombro que desce. Diz a lenda que elas começaram a usar argolas para se proteger de mordidas de tigres. A moda pegou e depois disso quem não fosse pescoçuda não era considerada bonita e não arranjava marido. O que dá dó mesmo são as crianças, algumas meninas tão lindas, bem novinhas e já começando o processo. Não tem como não pensar que de certa forma isso é uma violência com elas, que quando finalmente tiverem idade e discernimento para escolher já vai ser tarde de mais. As tristes meninas que se tornarão tristes mulheres pescoçudas Na tribo que visitamos ninguém ri, não vimos um só sorriso.

Na seqüência tivemos mais uma experiência pilotando elefantes, dessa vez sem intercorrências e muito mais legal. Nos embrenhamos na floresta e descemos pelo rio, os filhotes sempre acompanhando a comitiva, quando chegavam ao rio se jogavam na água e deixavam a correnteza levá-los.


Mas o mais legal do dia foi uma coisa que estava marcada para acontecer faz tempo e que pegamos de leve na Índia. Durante o nosso passeio de barquinho de bambu em meio à floresta tailandesa, num calor de matar eis que caem as primeiras gotas do que logo se transformaria num verdadeiro dilúvio.

As chuvas de monções! Não dá pra dizer que não assusta, ainda mais quando o nosso barco quis começar a afundar. Sempre que ouvíamos falar em monção pensávamos em chuva que não para mais, que faz um monte de estragos, por isso que só ficamos tranqüilos quando ela passou. Nesse momento tivemos que admitir que foi é bom pra aliviar um calor daqueles e dar um toque especial àquele momento “perdidos na selva”.

Antes de nos despedirmos de Chiang Mai novamente nos aventuramos pelo mundo da culinária. Fizemos o curso da Ban Thai, cada um preparou 6 pratos, todos deliciosos, dá só uma olhada. O meu preferido foi a salada de papaia verde apimentada. Delícia, aquele exótico que nem comida japonesa, que vicia. Ai, ai, pensei nela vários outros dias, pra falar a verdade continuo pensando até hoje.


Foi com um gostinho de quero mais que deixamos a cidade, um lugar muito alto-astral. Não esqueceremos dos desenhistas que são diversos e fazem um trabalho perfeito, de deixar a gente de queixo caído sem acreditar que se trata de desenho e não de foto. Não esqueceremos dos cachorrinhos que estão por toda parte, principalmente na porta de qualquer estabelecimento. Os monges budistas caminhando pela cidade e recebendo alimento das pessoas pela manhã. As deliciosas comidas de rua, todas embaladas em saquinhos. Até a sopa vai pro saco e é presa com uma borrachinha.

Rumamos para a fronteira com o Laos e retornaremos para a Tailândia, dessa vez para as praias do sul após percorrermos os outros países do Sudeste Asiático. Agora é a vez da Indochina.

11 comentários:

Leonardo Rios disse...

Sensacional!! As pescoçudas e o rafting de jangada não tem preço! E esse Rei da Tailândia é muito pop! Se vocês forem a Luang Prabang não esquece do por do sol do Mekong de cima do morro! Ah...de tomar a Beer Lao!! Abraço!

Mari Mendoza disse...

Me encantei com a Tailândia! As fotos estão demais e pelo que vocês comentaram, parece ser um lugar bem exótico! Aline, fiquei curiosa pra saber qual foi o estrago que o tal mosquitinho fez... heheheh Não esquece de dizer no próximo post. Beijos!!

Anônimo disse...

Gente...Pobres pescoçudas... estão quase que nem os leões aqueles...cada coisa diferente que se vê hein... Bjs!!!

Anônimo disse...

Gente!! Adorei tudo, estava estressada aqui no trabalho, e resolvi ler meus emails, quando recebi um seu Zalis, nem "titubiei" cliquei no link e fiquei viajando um pouco com vocês. Agora estou bem mais tranquila, e planejando a minha viagem tbm, (para daqui a uns anos) hehe. Muitas novidades por aqui, amiga. Estou trabalhando numa empresa que veio da Índia, por isso adorei especialmente os post deste trecho. Saudade de você, me mande energias daí (seja aonde for que vc estiver) hehe Beijos para você e o seu namorado.ps- Augusto (você escreve bem tbm, legal!)

Anônimo disse...

Oi amigos, nossa este post passou um astral e uma energia muito boa, line prepara-te para fazer umas comidinhas qdo voltares,hummm dilííícia!!
Beijão para vcs!!!!Camila Santos

Anônimo disse...

Aline e Augusto, apesar de nao ter escrito, gostaria que soubessem que sou um assíduo fuxiqueiro deste blog de voces e posso afirmar que com as fotos e historias contadas, tambem nós, temos o privilégio de visualizar as praias, montanhas, rios, pessoas, costumes, cores, cheiros e sensações como se por aí estivéssemos. Continuem em frente, se cuidem, e se lá pro final, se passarem pela Republica da Irlanda, tomem uma pint de Guiness, aliás duas, uma por mim e uma pela Camila, na Temple Bar. Forte abraço, Ricardinho.

Anônimo disse...

Ei pessoal!!! Valeu pelos comentarios nossos fieis frequentadores Camila,Mari, Nanda,Leo e olha que coisa boa, Ricardinho aparecu aqui no blog!!! Amigos continuem nos acompanhando, a saudade ta forte, mas a jornada continua!!

Rafa, adorei que vc voltou no blog, na India me lembrei muito de vc, Principalmente em tudo que dizia respeito ao cinema indiano, a final descobrimos juntas esse univreso, lembra de quando assistimos Devdas???

Um beijo para todos e o proximo post ja ta no forno.

Anônimo disse...

Olá, meus queridos!
Não me canso de ver as maravilhosas fotos desta inesquecível aventura e ler os incríveis relatos.
Continuem carregando suas mochilas sempre cheias de boas experiências e muita alegria.
Abraços de todos aqui de casa...

Tuk-tuk pra vocês.
Lavínia

Anônimo disse...

Oi negrinha! Q lindos momentos "PRATED THAI"! Senti saudades...e feliz por vcs, sempre! E...valeu minha dica, hein?! Salada papaya poc-poc, ficasse louca pelo prato!!! rsrsrs
Fiquei triste...nem lembrasse de mim nos "agradecimentos", snif!rsrs
Um super abração! E como a Camila fala, temos q fazer "orgias gastronômicas" na volta de vcs! Bjks Claudinha

Augusto Cavalcanti e Aline Grill disse...

Claudia, negrinha.
Fique triste nao. Sempre em cada post agradeco as pessoas que escreveram. Olha nos anteriores, sempre ha um agradecimento pra voce.
Mas agora vai um especial. Obrigada pra voce e pro Ed que deve dar uma espiada junto de vez em quando.
Nossa fiel participante, desde o inicio, sempre nos incentivando e dando umas dicas valiosas. Um super beijo meu e do Preto.

Anônimo disse...

Aline e Augusto,
que lugares maravilhosos, voces nos deixam com muita vontade de estar aí com voces. As fotos estão ótimas, achei vcs um pouco magrinhos. Continuem nos proporcionando momentos ímpares.
Beijos
Tia Lili