quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Da Malásia à Cingapura

Um país muçulmano tropical no meio do Sudeste Asiático. Na verdade quanto à religião nada mais nos surpreende no que diz respeito à Ásia, é budismo, é hinduísmo, é tanta diversidade convivendo paralelamente que a Malásia não nos pegou de surpresa.
Burcas? Sim elas estão presentes, mas na sua maioria em visitantes árabes. As mulheres andam sim cobertas, só que de uma forma não tão conservadora, roupas que cobrem a cabeça e o corpo com estampas coloridas que não chegam a ser bonitas, mas conferem uma certa vida e alegria que se não fosse por elas com certeza não existiria.
Os primeiros dias na Malásia foram estranhos para nós, entrar num ônibus e ver as meninas indo para o colégio só com o rosto de fora, as caixas do supermercado, mesmo as guriazinhas bem pequenininhas já todas tapadas. Aprendendo a terem que se esconder por serem símbolo de tentação, aprendendo a submissão.

Para mim (Aline) foi especialmente difícil, já que sou mulher e fui sempre ensinada a ser independente e feminina. Em todos os lugares que passamos anteriormente, por mais estranha e diferente que parecesse a cultura ou a religião em questão a gente sempre olhou com os olhos de quem esta aprendendo e aceitando as diferenças.
Mas não posso negar que dessa vez bateu um certo questionamento, uma vontade de perguntar para aquelas mulheres como elas aceitam se esconder assim e não lutar por seus direitos e sua liberdade. É claro que eu não abordei ninguém , até porque todas pareciam muito confortáveis com a situação e teriam uma perfeita explicação islâmica para me dar, e com certeza eu continuaria com a mesma opinião. Choque cultural e ponto final, desde que cada um se respeite é claro. E assim foi. Eu olhando para aquilo louca de vontade de fazer uma revolução , mas bem quieta e desfilando para lá para cá com a minha cabeleira, pescoço e braços a mostra, com muito orgulho, nenhuma vergonha e ai de quem me incomodasse.

Uma vez na Malásia foi difícil chegar ao nosso destino, as Perhentians Islands. Ônibus não tem horário certo para passar, os motoristas sempre param nas mesquitas para dar uma rezadinha, principalmente ao nascer e ao por do sol. As vezes resolvem passar reto para que os estrangeiros acabem pegando um táxi, as vezes nem aparecem.

Nesse estilo, debaixo de muita chuva, depois de dois ônibus e um táxi chegamos a cidade de Kota Baru, onde ficamos por uma noite. Como de costume fomos matar a nossa fome no mercado de comida local e pela primeira vez experimentamos um arroz azul entre outras iguarias malaias.


As Perhentians Islands ficam ao nordeste da Malásia e são mais um dos paraísos que visitamos. Duas ilhas relativamente pequenas com praias de areia branquinha e a água mais transparente que já vimos na vida.

Em um dos trapiches que adentra ao mar sobre um fundo rochoso não precisa nem cair na água para ver o que está acontecendo lá.


É possível enxergar perfeitamente os peixes e até filhotes de tubarão olhando de fora. Mesmo tendo uma natureza linda as ilhas não foram tão especiais para nós. Com tanto tempo na estrada aprendemos a dar valor a certas coisas que um visual bonito não pode proporcionar. As pessoas não são muito amistosas e o lugar tem uma atmosfera meio impessoal, fora que apenas um bar vende cerveja e só à noite. Definitivamente paraíso tropical não combina com estilo de vida muçulmano.

Após alguns dias nas Perhentians seguimos nosso rumo para a capital do país Kuala Lumpur. Uma cidade nova, moderna, com a cara de lugar onde circula muita grana. Cheia de imigrantes asiáticos especialmente chineses e indianos. Ficamos hospedados num albergue bem mais ou menos em China Town e nossa estadia por lá foi basicamente conhecer a cidade e planejar nossa ida para a Indonésia.

A cidade é legal e as Petronas Towers (um dos prédios mais altos do mundo) são realmente incríveis com aquela cor prateada e iluminadas durante a noite. Mesmo assim não nos apaixonamos por lá, deixamos Kuala e a Malásia sem muitos sentimentos.

Comparado com tantos lugares pelos quais passamos e que nos marcaram profundamente esse país talvez tenha sido, entre todos, o que passou mais despercebido para nós. No entanto vale lembrar que estivemos somente em uma parte da Malásia e não visitamos a ilha de Borneu nem as florestas do interior.

Não podemos deixar de falar também sobre Cingapura, um território independente ao sul da Malásia. É basicamente uma grande cidade, mas diferente de tudo que a gente já andou vendo por aí. Se Kuala já podia ser considerada nova e rica, Cingapura é muito mais. A cidade é tão certinha, tão limpinha e organizada que nem parece na Ásia.

Cada parada do metrô é um shopping center gigante, acho que deve ser a maior concentração de shoppings do mundo. Todos andam bem arrumados, até as crianças são “fashion”. Uma das coisas mais legais que a gente fez foi ter tirado um dia para conhecer o futurístico e interativo Science Centre, nós e todo o pessoal da quarta série.

A população de Cingapura é uma mescla de asiáticos e uma das nossas maiores diversões era tentar adivinhar de onde vinha um.

Esse papo de que oriental é tudo igual não é bem assim. Confesso que ao sair do Japão e chegar na China ainda era difícil para mim ver algumas diferenças que agora acho gritantes. Já estamos craques em saber quem é quem, as japonesas são as mais bonitas, com olhos bem puxados, rosto delineado, estilo das roupas que é só delas.

Chinês é chinês, não tem como confundir, em geral as meninas gostam de um corte de cabelo meio poodle, tipo um permanente só num pedaço do cabelo, na parte superior da cabeça. Tailandeses também são fáceis de identificar, em geral tem a pele mais escura, estilo praiano, as mulheres são bonitas e gostam de roupas mais sensuais.
Os vietnamitas com o rosto mais alongado e as malaias as mais bochechudas. O engraçado é que para alguns orientais a situação é a contrária. Eles têm dificuldade de ver as diferenças entre os ocidentais, mesmo entre pessoas de cabelos claros ou escuros, dá para acreditar?

Cingapura tem uma vida noturna bastante agitada e foge completamente do estilo muçulmano da sua vizinha Malásia. Lá as mulheres também podem e tivemos a sorte de conhecer a região de Clarke Quay (rua onde ficam a maioria dos bares e boates da cidade) numa quarta-feira. Era noite das mulheres, ou seja, entrada e martini de graça para a mulherada a noite toda. Bem, posso dizer que tive uma noite regada a martini de lichia enquanto o Preto ficou só na vontade. Foi para compensar o tempo de repressão islâmica e entrar no clima de badalação que nos aguarda. Próxima parada: Bali, Indonésia.

domingo, 7 de setembro de 2008

Tudo azul no sul da Tailândia

Koh Phi Phi, o arquipélago mais pop da Tailândia e que dirá do mundo. Quem nunca viu o filme A Praia, com o Leonardo di Caprio, em que vários viajantes vivem numa ilha isolada na costa da Tailândia? Isolada só no filme, porque na realidade Koh Phi Phi é um pequeno paraíso do qual muita gente quer um pedacinho.

Por saber disso é que vamos informar alguns dos preços que junto com as praias alucinantes fazem com que cada vez mais pessoas se rendam aos encantos das ilhas tailandesas. A gente sabe que é muito difícil algum dos nossos conhecidos querer atravessar a China de trem, se dispor a conhecer o Japão ou encarar algumas das aventuras que a gente teve de boa.

No entanto sabemos que a combinação areia branca + água azul transparente + preços inacreditavelmente baratos ainda seduzem muita gente. Antes de sair de Koh Tao demos uma olhadinha na previsão do tempo na internet e para nossa decepção estava lá, próxima semana inteira sujeita a chuvas torrenciais. Bah...que droga!! Os últimos dias já tinham sido meio nublados e sabíamos que não conseguiríamos nos escapar das monções todo o tempo, mas 7 dias de chuva, ou seja, todo o tempo em Koh Phi Phi debaixo d’água, ninguém merece.

Em nosso trajeto de ida cheguei a imaginar a gente com umas carinhas de tristes olhando pela janelinha de um bangalô um céu cinza, raios e um baita toró. O percurso entre Koh Tao e Koh Phi Phi atravessa da costa leste para a costa oeste da Tailândia e envolve uma noite de barco, umas três horas de ônibus e mais umas duas de barco novamente.

No barco noturno tem colchão pra dormir e na van tem ar condicionado. Dá para fazer por conta e perder mais tempo e gastar mais dinheiro pegando conduções até as rodoviárias. Os pacotes são uma boa opção, pois realmente saem mais baratos e a van te espera em frente ao píer e te deixa na hora exata de pegar o próximo barco. O preço? 50 reais, quanto custa mesmo uma passagem de ônibus Rio Grande Porto Alegre????

Bem, chegando em Koh Phi Phi Don, a ilha principal... ainda bem que os meteorologistas tailandeses se enganaram, que chuva que nada, não sei o que era mais azul, se o céu ou se o mar. E esse foi só o primeiro de todos os dias maravilhosos que passamos por lá. Achamos uma guest house por 10 reais pra cada um, bem direitinha, com banheiro dentro do quarto.

Mas nesse momento eis que surge o primeiro problema, tava bom de mais para ser verdade. O Preto se deu conta que havia esquecido a bateria da câmera e o carregador na tomada do barco noturno. Era só o que faltava, a gente naquele lugar maravilhoso, com uma máquina fotográfica novinha e sem poder tirar nenhuma foto.

Percorremos a ilha inteira atrás de uma bateria nova, mas não encontramos. Já estávamos pensando em ir a Phuket, cidade grande mais próxima, quando um anjo resolveu nos ajudar. A funcionária da guest house vendo a nossa situação ligou para a companhia, localizou os equipamentos e conseguiu que tudo fosse enviado para nós.

Enquanto isso ela nos emprestou a câmera dela, muito boa por sinal e o custo de tudo isso, zero, não nos cobrou nada, nos ajudou pelo simples fato de ser legal. Ah se fosse no Vietnã! Em compensação tive minhas havaianas roubadas. Aqui na Ásia sempre se tira o sapato antes de entrar em qualquer lugar e quando acordei de manhã e fui procurar os meus chinelos eles não estavam mais lá.

Sinceramente foi até bom porque já estavam tão velhos que era até uma vergonha eu continuar usando só aquilo dia e noite, não sei como alguém se interessou em pegá-los, mas tudo bem. A ilha de Koh Phi Phi Don é muito bonita, tem várias praias paradisíacas (nossa preferida foi Long Beach) e uma atmosfera muito alegre apesar de ser bastante turística e de ainda hoje, 4 anos depois, não ter se recuperado totalmente do Tsunami.

O arquipélago foi um dos lugares mais afetados pelos estragos das ondas gigantes em 2004, várias pessoas morreram e muitas das construções foram totalmente destruídas. Pat, nossa amiga da ghest house perdeu tudo e nos contou da terrível noite que sucedeu a tragédia. Uma madrugada ao relento na parte mais alta da ilha, toda machucada, sendo devorada pelos mosquitos, junto com muitos na mesma situação e sem saber direito o que estava acontecendo nem o que iria acontecer.

Hoje, há diversas placas indicando uma rota de evacuação em caso de um novo Tsunami. O mar continua trazendo de volta o que levou naquela ocasião e em alguns pontos da praia tem muito entulho. Com certeza o que a galera mais perdeu foram sapatos.

Chegamos a contar 15 sapatos fora todo o resto numa área de 10x1 m2 na beira da praia. Será que foi por isso que levaram minhas havaianas?

Mas nem assim Koh Phi Phi perde os seus encantos, a galera curte muito ir pra lá. Principalmente os jovens europeus, ingleses e franceses acima de tudo, que andam pra cima e pra baixo com seus baldinhos a tira-colo. É até engraçada a moda do baldinho. Misturam refrigerante, energético com whisky ou vodka, colocam um canudinho, enchem a cara e dançam loucamente nas festas que acontecem na beira de praia.

No centro da ilha rola até box tailandês e comida tem para todos os gostos. Voltando aos preços, uma refeição com comida local (para nós em geral regada à castanha de cajú) sai de 1,50 a 4 reais, um refrigerante lata 1 real, água no posto de reabastecimento(para evitar o desperdício de garrafas plásticas) 30 centavos por 2 litros. E o melhor de tudo, achamos um rodízio de frutos do mar, sushi e sashimi, daqueles de comer até não agüentar mais por 11 reais.

Então, tem que se esforçar para gastar mais de 50 reais por dia (em geral gastamos a metade disso), mesmo comendo do bom e do melhor e bebendo cerveja. Para os milionários que podem extravagar e gastar 100 reais de diária não vão faltar opções de bangalôs 5 estrelas. Tiramos um dia para fazer um passeio de barco em torno da ilha principal e em algumas ilhas vizinhas, entre elas Koh Phi Phi Leh, onde fica Maya Bay, a famosa praia do filme. A ilha é inabitada, mas durante o dia recebe tantos turistas que chega a ser uma verdadeira poluição humana.

Mesmo sendo lindíssima não dá vontade de ficar lá, totalmente sem clima, muvuca total. Em compensação Bamboo Island, ali perto, outra ilha não tão famosa é uma maravilha. A areia é tão clara e a água tão azul que não parece de verdade.

O mergulho em Phi Phi é mais caro que em Koh Tao, em média 55 reais, o Preto que mergulhou nos dois lugares curtiu bem mais Phi Phi (Bida Nai e Bida Nok) e finalmente ficou cara a cara com não só um, mas vários tubarões que ele já vinha procurando há um bom tempo.

Eu (Aline) fiquei só no snorkel, morro de medo confesso, não vi os bichões, mas nem por isso deixei de curtir os pequenos habitantes marinhos.

Saindo do arquipélago tivemos uma rápida passagem por Krabi, onde ficam algumas das mais belas praias do continente. Diversos paredões rochosos ocupados por cavernas circundam as enseadas. É um lugar famoso para escalada. Nossa praia preferida foi Hat Ray Leh. No lado bonito ficam os resorts dos abonados que passam o dia estirados na areia recebendo as típicas massagens tailandesas e no lado do mangue ficam as hospedagens econômicas, entre elas a nossa é claro.

Agora, a parte mais legal é a extremidade da praia, onde há uma caverna com diversas estátuas de diferentes formas e tamanhos de pênis. É um verdadeiro culto aos órgãos genitais masculinos. Na Ásia em geral rola essa tendência, não tem camelô nem loja de souvenir que não venda chaveirinhos ou esculturas do gênero.

Nossos dias de Tailândia estavam se acabando, uma pena, a gente curtiu muito esse país. As pessoas, a floresta, as praias, Bangkok que mesmo com uma atmosfera de cidade grande tem o seu valor. A comida, ai que maravilha, sempre fresquinha, frutas, legumes, frutos do mar e castanhas, tudo preparado com muito capricho. À medida que seguíamos para o sul, começávamos a perceber a acentuação de uma diferença que já havíamos visto em Koh Phi Phi, a presença da religião muçulmana.

Primeiro somente as roupas das mulheres nos chamaram a atenção, mas as coisas não pararam por aí. Da janela do ônibus que nos levaria à Malásia começamos a avistar uma Tailândia estranha aos nossos olhos, completamente diferente de tudo que já havíamos visto. Nada a ver com a paz e a beleza do norte budista, parecia um outro país. Uma área extensa cercada de arame farpado e homens armados, a região próxima à fronteira nos antecipou o que está por vir, Malásia, o primeiro país predominantemente muçulmano que iremos conhecer.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Primeira parada no paraíso

Iniciada a maratona de paraísos! Até que enfim! E não podia vir em melhor hora, para aliviar o peso dos cinco meses na estrada e a hostilidade vietnamita. O quinto mês de viagem para quem está fazendo grandes jornadas como a nossa é o mês em que bate o cansaço. É certeiro, não dá outra, é como aquelas coisas da vida que todo mundo passa, tipo a crise dos sete anos de casamento ou a crise dos trinta.

Conosco não foi diferente, durante nossa estadia no Vietnã houve momentos em que a gente caminhou quase se arrastando, e como se não bastasse o andamento normal das coisas o calor de matar colaborou para que a gente pensasse várias vezes antes de sair da cama para encarar um dia inteiro perambulando pra cima e pra baixo.

Mesmo sentindo um peso que antes a gente não sentia, uma preguiça arrebatadora, um desejo enorme de passar um fim de semana inteiro de pijamas sem sair do quarto só assistindo filmes a gente se manteve firme na nossa disciplina. No entanto sempre pensando no dia em que finalmente teríamos o nosso merecido descanso, as férias das nossas férias. A gente sabe que nos últimos tempos não atualizamos o blog com a mesma freqüência e riqueza de detalhes, mas não teve como. Nós somos humanos e estávamos literalmente perdidos nas ilhas da fantasia.

Quando se está numa cidade grande e chega a noite, principalmente se está frio a gente se recolhe e é hora de escrever o blog, fazer planos, contas...mas quando se está numa praia linda, com um dia perfeito ou uma noite estrelada e tudo é pertinho, barato e animado, não tem vez para o computador. A partir de agora prometemos voltar a cuidar do nosso blog, a final ele é uma das nossas maiores alegrias.

E como a gente sempre diz, cada um que entra aqui e nos deixa um recado, uma dica, uma pergunta, um comentário, um oi que seja está nos dando um baita incentivo para continuar. Então, nossos queridos amigos, família e viajantes virtuais, com vocês o sul da Tailândia.

Pegamos um vôo de Hanói para Bangkok, foi só o tempo de comprar uma câmera nova e se mandar para o nosso primeiro destino. Na costa leste da Tailândia ficam as famosas ilhas Koh Samui (a maior), Koh Pha-Ngan e Koh Tao (a menor). Hoje em dia a reputação de Koh Samui não é das melhores, o que se diz é que a prostituição e a bagunça de uma cidade grande fizeram a ilha perder muitos de seus encantos. Koh Pha-Ngan é conhecida pela Full Moon Party, uma festa gigantesca que acontece na beira da praia a cada lua cheia. Como a época em que chegamos não era essa, decidimos ir direto para Koh Tao, considerada a mais bonita entre elas. Uma pena, pois adoraríamos fazer uma festa dessas proporções.

Depois de uma noite de ônibus e horas e horas de barco, tivemos uma chegada não tão paradisíaca. Podres de cansados, sujos, famintos e vendo aquelas praias lindas a nossa volta, sem poder correr e se jogar na areia ou se atirar no mar.

Todas as hospedagens estavam lotadas, pelo menos aquelas acessíveis ao nosso bolso. Pagar uma grana por ar condicionado e chuveiro de água quente? Totalmente fora de cogitação para nós que estamos acostumados a dormir em sofá, vagão de trem e barraca furada.

Eu (Aline) fiquei umas duas horas cuidando das mochilas enquanto Preto foi em busca de um lugarzinho pra gente. Ao final a espera valeu a pena. Conseguimos um bangalô bem pertinho da praia e bem simples por 10 reais para cada. Até que enfim, prontos para desfrutar do paraíso. À noite saímos para comer umas comidinhas locais, a maioria dos hotéis tem esteiras e almofadas onde a galera se atira e fica, uma delícia. Rolam também umas fogueiras e shows de malabares, não é fraca a vida noturna na beira da praia.

Uma das atrações mais inusitadas é o show de transformistas que acontece todas as noites de graça no centro da ilha. Todo mundo vai ver as performances da Beyoncé, Kelly Mingnon, entre outras. Tinha um artista em especial que era muito feminino, eu cheguei a achar que era mulher, mas quando ele virou de lado o gogó o entregou. Com um gogó desses não tem Ronaldinho que se engane, só pode ser homem.

Koh Tao é realmente linda, em tailandês significa que ela tem forma de tartaruga. Além das areias branquinhas com rochas delimitando várias enseadas, a ilha é famosa por suas belezas do fundo do mar. É o lugar mais procurado para mergulho autônomo e snorkeling na Tailândia. Uma das enseadas se chama Shark Bay, por que será? O lugar é cheio de tubarões, quando chegamos lá falamos com algumas pessoas que haviam acabado de sair do mar e visto vários tubarões galha preta de até 2metros de comprimento. Alguém acha que eu entrei?

Não encostei nem meu pé na água. Agora o Preto pegou a máscara, nadadeira e snorkel, e mesmo louco de medo por estar sozinho, se lançou dentro d’água. Nadou muito, começou a chover e eu fiquei até preocupada porque ele não voltava, até que ele resolveu aparecer. Só que para minha surpresa e até alívio ele não viu nenhum tubarão. Provavelmente a única pessoa no mundo que já mergulhou naquela baía e não avistou o bicho.

Seguimos de motinho para Aow Leuk, outra ótima praia para snorkeling e no caminho uma baita subida pela qual não estávamos esperando surgiu na nossa frente. A moto empinou e por pouco não caímos de costas e nos demos mal. Momento tenso, com ela não aconteceu nada, mas eu saí com uma bela queimadura na panturrilha, pelo menos foi só isso. Em Aow Leuk me atrevi a entrar com o Preto e o snorkeling foi muito bonito, cheio de peixinhos coloridos, sépias, corais verdes e nenhum bicho com cara de mau, ainda bem.

Agora com certeza, o snorkeling mais legal que a gente fez foi no Japanese Garden, que fica numa ilha bem pequenininha próxima a Koh Tao chamada Koh Nangyuan (foto do nudibranquio cortesia do amigo espanhol Ignacio).

Na verdade são três formações ligadas entre si somente por uma estreita faixa de areia clara. Bonito demais de se ver, numa das baías é só entrar na água e logo nos primeiros metros já começam os tapetes de poliquetas de todas as cores e os peixes de todos os tipos que vão ficando maiores a medida que a profundidade aumenta.

O mergulho de cilindro é legal pela exuberante vida marinha, mas é lotado demais. Muita gente e muitas operadoras caindo nos mesmos lugares.
Foram 4 dias na ilha, entre um mergulho e outro mal deu tempo para descansar e dormir até mais tarde antes de arrumar as mochilas para partir novamente. Não dá pra negar o efeito que uma boa praia tem sobre as pessoas, a cor melhora, o humor melhora e até a gente melhorou um com o outro. Que bom, porque esse foi só o começo, muita sombra e água fresca ainda nos aguardam e dentre os paraísos Koh Tao foi apenas o primeiro.