sábado, 29 de março de 2008

Bem-vindos à Austrália

Olá Austrália! Depois de uma noite dormida no aeroporto para esperar o vôo que saiu na madrugada e mais algumas horinhas pra sobrevoar o mar da Tasmânia, chegamos ao nosso destino: Sydney. Deixamos nossas coisas no albergue, onde conseguimos uma revistinha com vários vales-cerveja e saímos para descobrir a cidade.


O percurso da nossa caminhada foi o das cervejas, é claro, que era basicamente pelos principais pontos turísticos. Ah, finalmente, depois de duas semanas secos na Nova Zelândia umas cervejinhas de graça desceram redondo.



O melhor é que era San Patrick’s Day e em vários bares haviam descendentes de irlandeses fantasiados, em cada esquina uma festa. Tá certo que de irlandês a gente não tem nada, mas participamos de várias.


Ainda deu tempo pra ver o anoitecer na famosa Opera House, que realmente é linda e enorme, estava toda iluminada, cheia de gente. De lá para o albergue onde finalmente teríamos o nosso merecido descanso em caminhas confortáveis. Acontece que tinha um carinha muito fedido lá dentro, quando a gente chegou de manhã o cara estava lá, quando voltamos, ele continuava na mesma posição, só o fedor que mudou, nesse caso aumentou. Mudamos de quarto e agora sim, uma boa noite de sono.
Do gelo da Nova Zelândia para o verão australiano. Dia para conhecer Bondi Beach, uma das praias de Sidney. Muita gente bonita, jovens, top less e surf. Sim, uma praia legal, com seu estilo, mas estava faltando emoção.
A solução foi o Royal Botanic Gardens, um parque tipo um jardim botânico no meio da cidade. Lindo, plantas de todos os lugares do mundo, tudo cuidado, colorido, com uma vista incrível da Harbour Bridge e Opera House.

O Preto se fissurou nos morcegos gigantes que eles chamam de flying foxes (raposas voadoras). Os galhos de quase todas as árvores ficam repletos desses bichos, quando chega o anoitecer eles saem em debandada para se alimentar e o céu fica coberto de morcegos.

O parque também tem várias outros bichos, em especial essas cacatuas que se aproximam procurando comida e pousam na galera, com isso dá pra ganhar um cafuné de cacatua ou um bom beliscão na orelha. Mas até o beliscão vale a pena porque elas são lindas e não é todo dia que uma cacatua selvagem pousa na nossa cabeça.

Nosso terceiro dia foi dedicado ao Darlig Harbour que é uma espécie de cais com várias atrações e ao Aquário de Sydney. Um bom lugar para se visitar, principalmente depois de conhecer o Aquário de Natal, onde os bichos ficam nuns tanques minúsculos. Aqui todos têm um bom espaço, são bem cuidados, dá pra ter uma idéia da vida marinha da Austrália. Espaços que reconstituem a grande barreira de corais, tanques com tubarões, tartarugas, crocodilos e os mais diversos peixes.

O que realmente impressiona em Sydney é a variedade de origens das pessoas. Tá certo que o Brasil é uma mistura também, mas no nosso país a miscigenação é grande. Aqui dá pra ver claramente de onde cada pessoa é. Os grupos são bem definidos e cada um continua seguindo seus costumes, sua moda, ou tentando fazer isso. Se ao atravessar uma grande avenida no centro você olhar com atenção para os dois lados com certeza verá um egípcio, um israelense, uma mulher de burca, uma indiana típica, vários asiáticos com diferentes estilos, europeus e alguns perdidos como nós. Somente negros não são tão comuns, mas também estão presentes. Ainda não vimos os aborígenes, um tanto estranho ver tanta gente de todos os lugares de mundo, menos os que originalmente deveriam estar aqui.

A Austrália é um país caro, mais caro que a Nova Zelândia, fast food aqui é sushi, ainda bem, pois temos comido vários. Alugar carro aqui nem pensar, caríssimo. A solução para subir até Cairns pela costa leste do país que é o nosso roteiro foi o bom e velho ônibus.


A primeira parada depois de Sydney foi em Port Macquarie. Uma cidade de praia, onde deságua um rio, os molhes são todos pintados e se você tiver tinta pode pintar sua própria pedra.



A cidade tem um hospital de Coalas todo equipado, atende principalmente queimados, atropelados ou com alguma infecção. A Aline se emocionou e quase ficou por lá para ser uma médica de coalas.

Em Port Macquarie ficamos hospedados na casa do Anthony, um cara que já comprou vários bilhetes de volta ao mundo como o nosso. Morou um bom tempo no Japão e hoje voltou pra ficar perto da família. Hospedagem 5 estrelas. Ele foi o segundo Djésus da nossa viagem, a primeira foi a Valeska no Chile (DJÉSUS = Jesus, aquele que veio ao mundo para nos salvar, daqui pra frente vamos nos referir assim aos nossos salvadores). Ficamos num quarto só pra nós, com banheira e tudo do bom e do melhor. Na última noite um jantar com um vinho muito bom, tão bom que a Aline se passou e acabamos perdendo o ônibus para Byron Bay. Aproveitamos o dia de ressaca para descansar, escrever o blogger e participar da festa de 98 anos do avô do Anthony.

Chegamos em Byron Bay às 4:00 da manhã. A cidade é famosa por ser um lugar alternativo, com vários artistas, músicos e surfistas. Normalmente já é muito badalada, mas em especial nesse final de semana estava lotada por causa do East Coast International Blues & Roots Music Festival, que acontece todos os anos durante a Páscoa. Não havia vaga em lugar nenhum.

Esperamos o sol nascer na praia e já estávamos quase desistindo de ficar lá quando encontramos Sally, nossa terceira Djésus. Ela conseguiu um lugar num camping e uma lona pra cobrir a nossa barraca furada. Uma vez devidamente instalados, era hora de conferir a tão excêntrica Byron Bay. Um dos melhores lugares para o surf na Austrália, com praias lindas e uma atmosfera meio psicodélica, misturando vários estilos malucos de ser. Vários mesmo.

Em geral albergues e tudo que diz respeito a mochileiros são chamados de backbackers. Então, por todos os lugares por onde passamos existe uma grande infraestrutura e comércio destinados a isso. Uma verdadeira máfia dos backpackers. No final do nosso dia de Páscoa em Byron Bay estávamos famintos voltando para nossa barraquinha e uma turma de evangélicos estava monopolizando a praça, pregando e distribuindo lanches e bíblias para backpackers. Dá para acreditar? Até isso eles fazem, “The Backpacker’s Bible”.
Para finalizar nossa estadia em Byron fomos acordados de madrugada por uma algazarra animal. Muito barulho, dava até medo, não sabíamos que bichos eram, se os morcegos ou o próprio Batman. Mas que estavam enlouquecidos e pertinho da nossa barraca eles estavam. Adeus New South Wales, próxima parada Gold Coast.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Depois da indiada, a recompensa - NZ Costa Leste

Essa indiada vai ficar pra história, ficamos com preguiça de ler os mil folhetos de propagandas com coisas pra fazer no Abel Tasman National Park. Sabíamos apenas que queríamos andar de caiaque e passar bem perto dos lobos marinhos, como todo brasileiro resolvemos chegar e tentar um desconto lá mesmo. Acontece que chegamos em cima da hora da partida do barco, não tínhamos nos informado direito e entendemos que para alugar caiaque só se fossem dois dias de remada. Decidimos então ir com o barquinho, ver os lobos e voltar caminhando pelas trilhas do parque. A medida que o barco andava a gente se olhava e pensava, onde a gente se meteu? O lugar é lindo sem dúvida, as lobinhos muito fofos, mas 36 quilômetros de caminhada em trilhas íngremes ninguém merece. Acampamos a noite, um baita frio, pra comer só os sanduíches que havámos levado. No outro dia a caminhada prosseguiu, dessa vez tivemos que passar de pés descalços por uns alagados e riozinhos com uma água muito gelada. No caminho jogamos todos os jogos que sabíamos, cantamos, fotografamos os cogumelos e as paisagens para tentar desviar a atenção do cansaço, mas não teve jeito (qualquer semelhança entre Aline e pato na foto é mera coincidência).

De lá seguimos pra Nelson, uma cidade bem legal, com um solzinho pra nos aquecer e uma família pra nos receber. Ficamos na casa da Lee e Maria, um casal de mamães com dois filhos, a Pipi e o Saul. Foi tão bom estar numa casa de novo, o clima era ótimo, tudo colorido, brinquedos e livros por todos os lados, muita vida, as crianças sempre na nossa volta. Enfim, recuperamos nossas energias pra mais uma etapa da nossa jornada.

No caminho para Kaikoura existe uma grande colônia de lobos marinhos que vivem na beira da estrada, então é só parar o carro, descer e chegar pertinho deles. Seria bom se soubéssemos disso antes de ter caminhado tanto no Abel Tasmam.



Há um cânion submarino próximo a cidade, que concentra grande quantidade de plâncton e atrai muitas espécies de baleias, golfinhos, tubarões e lulas. Tivemos a sorte de ver o mergulho de 3 cachalotes, foi muito especial.


De lá para Akaroa, uma península que é um dos poucos lugares no mundo que abriga uma espécie específica de golfinhos, o Hector Dolphin. Eles são pequenininhos, rápidos, parecem de birinquedo. Advinha o que a gente fez? Fomos nadar com eles. Roupas com 5 mm para nos proteger da água congelante e tibum. Incrível, vários golfinhos passando pra lá e pra cá, desviando de nós. Pena que são muito rápidos, dá vontade de passar por tudo em câmera lenta.

Nos despedimos dos mamíferos marinhos e continuamos nossa viagem para Christchurch que é a maior cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia, sua população não chega a 350.000 habitantes. Dá pra acreditar? E toda a Ilha Sul deve ter em torno de 1.000.000 de pessoas. Todas essas cidades das quais falamos são bem pequenas, mas sempre com uma grande infraestrutura turística, organizadas e limpas.

Em Christchurch tivemos outros bons momentos. Ficamos hospedados na casa do Dave ou Camel Dave, como ele gosta de ser chamado, um coroa pode crer, gente finíssima. Colecionador de camelos, produz em casa seu próprio mel e vegetais (comemos um milho docinho delicioso). De quebra aproveitamos para escutar o ótimo repertório do ensaio da banda dele que estava rolando quando chegamos. Dormimos num trailer que ele tem só pros hóspedes, recebe muitos mochileiros como nós.

Agora estava faltando só mais uma parada antes de finalizarmos o nosso percurso. O famoso Mount Cook, que é o maior pico da Nova Zelândia com 3.754 m de altitude.





A estrada para lá é toda cercada de montanhas cobertas de neve, rios tão azuis que parece até que caiu tinta dentro. Que lugar mais lindo desse mundo.




E muito tranqüilo também, poucas pessoas, dá pra escutar o barulho do vento e dos passarinhos A sensação de ser um pequeno participante de uma natureza tão perfeita eleva o estado de espírito de qualquer um.



O último trajeto com nosso Logo foi de volta a Queenstown ao anoitecer. Nos nossos últimos dias na Nova Zelândia aproveitamos para descansar, passear pela cidade e tentar ter mais contato com as pessoas. Conhecemos vários brasileiros que trabalham lá, nos disseram que são mais de 2.000 só naquela cidade. Muita gente atrás de melhores condições e mais empregos que no Brasil.

Bem, para finalizar nossa postagem sobre a Nova Zelândia não podemos deixar de fazer alguns comentários. Primeiro: se você for ao Abel Tasman, faça um passeio de caiaque. Se você estiver com mais alguém, o meio mais barato de transporte é alugar um carro, as estradas são ótimas e dos visuais nem precisamos mais falar. Se você acha que sabe falar inglês reveja seus conceitos porque a galera aqui diz que esse é o seu idioma, mas fala qualquer coisa menos isso. Se você acha que existem kiwis na Nova Zelândia nos diga onde, porque não encontramos nenhum, achamos que são criaturas imaginárias como gnomos e duendes. Se você estiver meio sem grana, faminto e sem ter como nem onde preparar um rango, um boa pedida são as tortinhas vendidas nos postos de gasolina. Se você acha que está velho e acabado, que nada mais tem graça, só recebendo o dinheiro da aposentadoria e comendo na frente da televisão, venha para Nova Zelândia. Encontramos vários idosos de bem com a vida em todas as trilhas que fizemos, até nas mais difíceis.
Adeus New Zealand, mais de 3.ooo km percorridos, foi bom enquanto durou. Próxima parada Austrália.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Nova Zelândia, que lugar é esse?

Nosso percurso está só na metade e já passamos por tanta coisa que vamos ter que postar. Estamos impressionados com a beleza desse lugar, cada canto, cada região é surpreendentemente linda e diferente da anterior.



Nossa jornada aqui começou em Auckland, onde teríamos apenas um dia antes de seguir para a Ilha Sul. Como estava chovendo muito, resolvemos deixar nossas coisas num albergue até a hora de encontrar o nosso contato local Rhys. Foi muita sorte, já que lá conseguimos as duas últimas vagas para um city tour de graça. Foi uma ótima pedida, pois além de conhecermos a cidade já entramos no clima do país, que é referência em esportes radicais. Onde quer que você esteja na Nova Zelândia, tirando foto de um ponto turístico como a Sky Tower por exemplo, pode crer que vai ter alguém se atirando de lá.

Esse início foi bom pra empolgar a Aline que se emocionou e pulou pelada do bungy jumping. Hehe, brincadeira, nós dois estamos legais de pulo por enquanto, já pulamos bastante de pontes até agora. Essa maluca da foto era uma havaiana que estava no nosso ônibus. Nos despedimos da cidade com uma passagem no cais para conferir a fama de um dos principais pólos mundiais de iatismo.



De Auckland rumo a Queenstown, uma cidade linda, pequenininha, na beira de um lago, cercada de montanhas enormes, as Remarkables que parecem um verdadeiro cenário e deixaram a gente de queixo caído. O Senhor dos Anéis total, nos sentimos na Terra Média.

Fomos então à procura do nosso super veículo. Foi difícil, mas o encontramos, o mais barato e econômico da cidade, um Honda Logo. Estávamos agora prontos para tentar cumprir nosso objetivo de rodar a Ilha Sul em 13 dias. Faltava só intimidade com o trânsito todo invertido.






Primeiramente fomos em direção a Milford Sound, um dos famosos fiordes, e uma das paisagens mais bonitas da Nova Zelândia. O melhor de tudo é que havíamos ganhado de graça um passeio de barco para os dois.

Conhecemos um camarada no aeroporto que trabalhava com esses passeios e ele se solidarizou conosco, com isso economizamos uma grana. O que vale dizer é que o lugar é incrível, com montanhas e cachoeiras que caem diretamente no mar.


De volta ao nosso Logo pra mais um grande trajeto rumo aos Glaciares. No meio do caminho uma nova parada na Terra Média. Entre um visual mais lindo que o outro ficávamos na expectativa de quando ia aparecer um orc, um troll ou um elfo para completar.


Nenhum deles deu as caras, o que vimos mesmo foram só ovelhas por todos os lados, sinceramente achamos que existem mais ovelhas do que pessoas na Nova Zelândia. Também vimos algumas vaquinhas e muitos veados.



Em Wanaka que é outra cidade cinematográfica, fizemos uma trilha de 3 horas pra ver o Mont Aspiring e ter nosso primeiro contato com o gelo. Mal sabíamos o que ainda nos aguardava.





Agora sim, se era gelo que a gente tava procurando foi gelo que a gente encontrou. Na costa oeste do país, onde terminam as montanhas, existem dois glaciares enormes o Fox Glacier e Franz Josef.Nunca havíamos estado assim tão perto de tanto gelo, uma verdadeira geladeira natural.


Mais uma vez nos perguntamos como que existem tantas coisas diferentes assim na Nova Zelândia?

É só andar 50km e de repente tudo se transforma e novamente ficamos de queixo caído. Quando vimos os glaciares de longe não tivemos noção da sua real magnitude, só nos aproximando deu pra ter a idéia do tamanho de todas aquelas paredes esculpidas no gelo.

Na verdade dá até um pouco de medo, a medida em que andávamos víamos o gelo derretendo e ouvíamos o barulho dele quebrando, várias placas para tomar muito cuidado. No final sobrevivemos, não congelamos e nenhuma avalanche nos pegou. Estávamos prontos e mais inspirados para continuar nossa subida pela costa oeste.



Uma paradinha no caminho para colher umas maçãs que são típicas daqui e parar um pouco com os sanduíches, que têm sido a base da nossa alimentação nos últimos dias.



De volta à estrada, passamos por diversas praias, basicamente todas formadas por seixos e pelas pancakes rocks. Uma pena que estava nublado, chovendo de vez em quando, mesmo assim lá estávamos nós curtindo esses visuais tão diferentes pra quem está, acostumado com as praias de areia branquinha ou com o estilo do Cassinão.

Muita estrada, paradas em lugares incríveis, trilhas e visuais , nossa passagem pela Nova Zelândia tem sido bastante cênica e de nós dois. Não temos feito muita festa porque a grana e o tempo estão contados, nos revezamos pra dirigir e isso cansa, ressaca nem pensar. Cerveja aqui só Ginger Beer, sem álcool.
Próxima parada Abel Tasman National Park.

sábado, 15 de março de 2008

Rapa Nui

Há cerca de 15 anos foi lançado um filme chamado Rapa Nui. Um romance que se passava numa ilha cheia de história, isolada no meio do Oceano Pacífico. É claro que a gente viu esse filme e nunca mais esqueceu, o que a gente não imaginava é que um dia estaríamos nessa mesma ilha.
Já tínhamos visto no filme e em fotos que era um lugar muito bonito, mas também ouvimos de alguns que a Ilha de Páscoa era apenas mais uma ilha. Realmente, um pedaço de terra com vegetação, cercado de água por todos os lados. Mas com certeza, alguém que enxerga essa Ilha com esses olhos vai enxergar qualquer rua, qualquer praia, qualquer lugar no mundo como um lugar qualquer.

Para nós Rapa Nui têm encantos e mistérios tão grandes que nos fazem parar para refletir, mas para isso é preciso conhecer um pouco mais da história dessa ilha que vamos tentar resumir agora.
A Ilha de páscoa é o resultado da erupção de 3 vulcões ( na foto o Vulcão Rano Kau que é o maior deles), teoricamente começou a ser povoada por habitantes de origem polinésia que ao chegarem à ilha eram bem poucos e se dividiram em clãs. Espalhados em cerca de 24x12 Km de extensão eles construíram sua civilização multiplicando-se rapidamente.
Habitavam cavernas e esculpiam esculturas de pedra talhadas na base de um dos vulcões (Rano Raraku).






Essas esculturas são os famosos Moais, feitos em homenagem aos chefes de cada clã, para demonstrar seu poder e sua ancestralidade.
A madeira das árvores era usada para confecção e transporte e a comida como pagamento. E dessa forma foi criada uma verdadeira fábrica de Moais. Cada vez era necessário mais gente, mais madeira e mais comida até o momento em que eles eram tão numerosos (cerca de 20.000) que acabaram com todos os seus recursos, não podendo nem mais construir uma canoa para sair de lá.

Aí começaram as brigas internas, onde eles derrubavam os Moais dos clãs vizinhos para enfraquecer a imagem de seu chefe perante aos demais. A situação estava tão crítica nesse momento que se criou uma nova forma de poder na tentativa de unificar a ilha.


A competição do Homem Pássaro acontecia anualmente e premiava o homem que nadava até a ilha vizinha e trazia de volta o primeiro ovo de pássaro lá encontrado. Durante o ano seguinte o clã ao qual ele pertencia permanecia no poder. É claro que as coisas não ficaram sob controle e pouco tempo depois a ilha foi descoberta por outros povos.

É intrigante pensar como uma civilização restrita a uma ilha acabou com tudo o que tinha para construir e ostentar mais e mais, e depois destruiu o que fez de mais bonito. Nem é preciso mencionar que dá para comparar com o que estamos fazendo com o nosso planeta.

Bem, falando dos nossos dias na Ilha de Páscoa, novamente o estilo roots, já que não encontramos ninguém para nos hospedar a saída foi o camping Mihinoa. Lá conhecemos nossos novos amigos Felix, Leo e Claudia do Chile. Apesar de ser um território chileno, Páscoa se parece muito mais com as outras ilhas do Pacífico e recebe turistas do mundo inteiro. Tudo muito caro, mas contornamos isso fazendo comida sempre no camping e pegando caronas. Somente uma vez alugamos uma motinho para desbravar a ilha, o que vale a pena, pois em um dia dá pra ver tudo rapidamente e escolher onde voltar depois. Nos outros dias, longas caminhadas sob um sol escaldante. Ninguém tirava da cabeça da Aline que a força da gravidade lá era maior que o normal, até que presenciamos um fato que ninguém soube explicar. Tem um lugar na ilha em que o carro desligado e em ponto morto sobe a ladeira. É sério, nós vimos!!! Quem puder nos ajude a desvendar esse mistério, porque senão vamos realmente achar que existem forças ocultas e sobrenaturais por trás disso.

Cada minuto valeu a pena. A mistura das belezas naturais como a água azul percorrendo cavernas de pedras de origem vulcânica com a presença de diversos Ahus de Moais é enfeitiçante.O fundo do mar também é impressionante, com mergulhos em piscinas cristalinas cheias de corais em diversos tons de azul. Quando chegamos estavam quebrando ondas de 3 m e nas baías mais protegidas se alinhavam e quebravam perfeitamente com 1,5 m por aproximadamente 30 segundos. O Augusto quase chorou quando viu uma série entrando na bancada.
Enfim, tivemos bons momentos para pensar em nós mesmos, no mundo, no que aconteceu naquela ilha, em tudo isso junto. Rapa Nui marcou mesmo e aqui estão dois lugares que é só fechar os olhos para voltar. Os quinze Moais e o pôr do sol no Ahu Tahai.