domingo, 23 de novembro de 2008

Caótico Cairo

E eis que de repente tudo volta a ser com era antes. No mesmo estilo “not so good not so bad” and “same same but different” dos bons tempos da Ásia. Dessa vez porém com uma nova particularidade, um pedaço de Oriente Médio inserido dentro da África. Nossa primeira parada após sentir o gostinho da organização da civilização européia trouxe de volta aquela velha sensação de andar em meio ao caos, que diga-se de passagem a gente adora. Passear por um bazar egípcio pode ser tão difícil quanto percorrer um mercado indiano, em meio a tanta gente tentando desesperadamente te vender alguma coisa.

Aqui, porém o "hello Sr." é substituído por "excuse me" e "welcome to Egypt", e os saris por sheshas (narguilês) de todos os tipos e tamanhos. Os vendedores falam em vários idiomas, abordam as pessoas em inglês, francês, espanhol, até em chinês quando cansados de tanta perseguição dissemos que éramos da China.

Atravessar a rua pode ser mais perigoso que no Vietnã, mas aqui ao contrário de motinhos os carros dominam e contribuem para que a cidade do Cairo seja considerada uma das mais poluídas do mundo. Chegamos de Londres meia-noite meio assustados com as advertências de que o Cairo era um lugar perigoso a noite. O aeroporto uma bagunça, só não mais que o do Nepal, coisas do tipo gente esperando os recém chegados com plaquinhas e taxistas já dentro da sala de desembarque (antes mesmo de que passassem pela imigração).

Seguimos para fora do aeroporto para pegar um taxi mais barato (metade do preço) e ficamos esperando uns 15 minutos enquanto o cara dava uma grana para um policial por estar estacionado num local proibido, andamos uns 500 metros e o carro que já vinha caindo aos pedaços resolve quebrar de vez.

Enquanto chamávamos outro taxi ainda tivemos que acalmar o motorista que queria porque queria dinheiro. “Meu amigo, tu só nos deu problema. Primeiro esperamos um baita tempo e quando finalmente o carro anda ele quebra. Vamos te dar uma grana pra ti nos deixar aqui no meio do nada em plena madrugada, tá doido?” E lá fomos nós, finalmente pra casa da Lídia, polonesa que nos hospedou por duas noites.

Primeiro dia no Cairo...complicado principalmente quando se precisa tirar vistos para a Jordânia e pra isso encontrar a embaixada. Além da escrita os números também são diferentes e depois de andarmos que nem umas baratas tontas por um bom tempo finalmente conseguimos.

Aproveitamos a tarde para conhecer o Egyptian Museum, o museu mais importante do Egito, onde estão guardadas ou seria melhor a palavra estocadas várias peças, entre elas objetos de arte, papiros, sarcófagos, múmias e tantas mais que contam a história não só do Egito mas como todos nós estudamos das primeiras civilizações.

Ao chegar lá e ver tanta coisa preciosa meio jogada, amontoada, sem cuidado, sem legenda, com uma galera metendo a mão, não se pode deixar de lembrar do British Museum na Inglaterra. O que lá é preservado com temperatura e condições ideais, protegido com vidro e mostrado de graça aqui é só uma peça a mais que se tem de pagar um bom dinheiro para ver.

Mas não dá pra esquecer que o que está lá foi tirado daqui e que os egípcios não estão nem um pouco satisfeitos em relação a isso. Uma das partes com mais infra do museu é onde está o sarcófago e tudo que acharam com ele do Tutankamon. A única tumba encontrada intacta com todo seu tesouro dentro. Depois de comer comida árabe de primeira com tudo que tem direito, berinjela no forno, feijão, tahini...só sobrou tempo para percorrer algumas ruas do centro em direção a parte islâmica da cidade, se é que se pode considerar assim já que a maioria esmagadora da população é muçulmana.

A região central tem prédios belíssimos, mas tudo muito velho e mal cuidado. O trânsito é infernal e a poeira do deserto se mistura com a poluição deixando o ar pesado. Visitamos Al Hazr, uma das principais mesquitas da cidade, chegamos bem perto do horário do por do sol e assim conseguimos acompanhar as preces dos muçulmanos. Antes de deixarmos o lugar um jovem se aproximou de nós perguntando se teríamos um tempo para uma breve conversa. É claro respondemos.

Coitado, ele achou que usaria o tempo para nos converter só que nem imaginava que eu (Aline) aguardava esse momento, de conversar com algum muçulmano xiita há um bom tempo. Enquanto ele tentava explicar que a teoria do big bang e da gravidade estavam explicadas no Alcorão, isso tudo olhando só para o Preto, sem me dirigir o olhar, eu fazia perguntas sobre a mulher no islã. Ele falava alguma coisa e perguntava pro Preto se havia alguma pergunta e só eu perguntava daí ele respondia pra mim, mas sempre sem me olhar.

Suas explicações sobre a burca é que todo homem considera sua mulher como uma jóia rara e preciosa, da qual tem ciúmes e que não quer que nenhum outro homem veja. Que homem e mulher quando se vêem é mais fácil de se interessarem um pelo outro favorecendo o adultério, desrespeito gravíssimo que deve ser punido com chibatadas. Eu disse que pra mim ciúmes é um sentimento egoísta e que me sentiria mais respeitada se uma pessoa falasse comigo de igual pra igual me olhando nos olhos do que me dando uma burca para me cobrir...vishhhhhhhhhh e por aí vai. Mas foi só uma conversa e em todo tempo muito cordial, jamais eu iria querer arrumar encrenca ainda mais com um muçulmano conservador desse tipo.

No segundo dia, antes de chegarmos ao Coptic Cairo ainda me lembrei das palavras de um eslováquio que conhecemos e que havia estado lá no dia anterior “um lugar cheio de igrejas e nada mais, é bom para os europeus que vivem aqui e sentem saudades de casa”. Bah, vai entender esse povo, quer comprar muamba, vai pro Paraguai, quer praia e mergulho vai pra Tailândia, quer esquiar vai pra montanhas nevadas, quer uma aula de história ao vivo vem pro Egito e não sai falando bobagem.

Acho que foi o lugar mais cheio de história de várias religiões ao mesmo tempo em que a gente já esteve. Tudo bem pertinho. Uma igreja dedicada a São Jorge , uma cripta, construída na caverna onde a Sagrada Família (Jesus, Maria e José) viveu durante sua estadia no Egito após fugir de Herodes quando ele mandou matar todos os bebês na tentativa de acabar com o Cristo. Uma sinagoga ao lado de onde Moisés bebê foi achado pela filha do faraó. É pouco ou quer mais? Tem mais tudo bem. Ao saírmos de lá paramos no centro para comer alguma coisa antes de nos encontrarmos com um pessoal para um happy hour. No meio do nosso lanche num restaurantezinho local quem aparece??? O muçulmano da barbicha que nos abordou na mesquita no dia anterior.

Nos trazendo livros sobre o islã e a mulher no islã tudo em português. Detalhe: estávamos em outro lado da cidade, uns 3km de distância de onde nos encontramos anteriormente numa capital de 22 milhões de habitantes e os livros eram em português. Novamente falando só com o Augusto ele deixou os livros e se mandou. Nós ficamos lá pensando enquanto a ficha caia. Será que esse cara nos seguiu o tempo todo, como ele nos achou aqui, e os livros em português, será que ele quer nos seqüestrar, nos explodir, me obrigar a usar burca????

Que medo, mas não vimos mais o sujeito ainda bem, sendo assim fomos confraternizar com o pessoal que conhecemos num dos inúmeros bares de sheeshas da cidade. No Egito é assim, em vez de sentar pra tomar uma cervejinha o pessoal senta pra fumar uma sheesha, que nada mais é que tabaco com um aroma sabor especial bem bom e até nós que não fumamos resolvemos experimentar. No terceiro dia visitamos a Citadel, um forte construído numa das regiões mais altas da cidade de onde se tem uma vista panorâmica e dá pra ter noção da imensidão marrom do Cairo.

Finalmente as pirâmides de Giza!! Não dá pra dizer que não é emocionante porque é. É impossível não ficar imaginando como as pessoas construíram tudo aquilo há tanto tempo, com formas e ângulos tão perfeitos e de baixo de um sol escaldante. Novamente é estar dentro de uma aula de história. Acontece que nem tudo é perfeito e os donos de camelos enchem o saco pra vender um passeio, é de perder a paciência porque eles ficam atrás o tempo todo não deixando as pessoas nem conversarem entre si.

Fora isso construíram uma estrada passando no meio das pirâmides, entre Quefren (a intermediária) e Miquerinos (a menor) e o estacionamento de ônibus também é no meio do complexo.

Inacreditável, mas fazer o quê? O calor é de matar, o lugar é lotado de turistas, fica bem no meio de um dos subúrbios do Cairo, ou seja incrustado no meio da cidade, mas quer saber???

É muito legal, é uma das obras mais antigas da humanidade, a gente estudou, o deserto está logo ali atrás, a Esfinge é lindíssima e o interior das pirâmides é sufocante. Tudo isso confere uma sensação meio mágica ao lugar que se mistura com as buzinas e vendedores de souvenires dando um toque de realidade, nesse caso de terceiro mundo islâmico que o Egito milenar se tornou nos dias de hoje.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Separados no Reino Unido

Dizem que muita gente que vem pra Europa esperando ver arquitetura medieval acaba se decepcionando. A final é difícil achar grandes obras que tenham permanecido intactas depois das duas grandes guerras mundiais que bombardearam praticamente todo o continente. No entanto existe uma unanimidade, Edimburgo é sem dúvida uma das cidades mais bonitas e uma das que melhor preserva a atmosfera de Idade Média em toda a Europa. A capital da Escócia não é a maior cidade do país (perde para Glasgow) e não tem cara de cidade grande ou centro comercial. É praticamente toda construída em pedra e tem o castelo de Edimburgo super-imponente ao centro.


Cheguei lá sozinha depois de uma noite inteira mal dormida dentro de um ônibus da Megabus, barato se comprado com antecedência, mas muito desconfortável, estilo 90 graus total. Fui recebida pelos meus couchsurfers e parti para meu primeiro dia de viajante solitária. Nas nossas andanças mundo a fora eu e o Preto sempre que conhecíamos alguém viajando sozinho comentávamos que deveria ser muito difícil.

Se viajar junto já é difícil, a carga de trabalho com planejamento, pesquisa, bagagem, comunicação já é pesada se for dividida, imagina a pessoa estando sozinha...mas isso ainda vá lá, o que pega realmente é a questão dos vínculos.

Numa viagem corrida como a nossa, com poucos dias em cada lugar, a maior parte dos vínculos são fugazes. Conhece-se muita gente, mas muita gente de passagem. Isso pode até parecer interessante quando tudo que se quer são umas boas férias do trabalho ou do dia–a-dia, mas com certeza não por meses a fio. Faz falta intimidade, conhecer alguém de verdade. Por essas e por outras que um dia sozinha em Edimburgo pra mim foi suficiente. Passear pela cidade, fazer a trilha que sobe o Arthurs Seat, conhecer o Castelo, o museu e finalizar com um lindo por do sol com a vista de toda a cidade.

No segundo dia me juntei com os novos hóspedes recém chegados à casa onde eu estava e fomos juntos conhecer Stirling, uma cidadezinha cerca de uma hora de Edimburgo.

Na teoria é difícil separar a Inglaterra da Escócia. Na vinda pra cá não passei por nenhuma aduana, a moeda corrente continua sendo a libra, mas na prática são dois países bem diferentes. As roupas, os costumes, o sotaque e tudo isso com uma idéia bem clara de patriotismo, bastante evidente em Stirling. Quem não viu Coração Valente?

Então, Stirling é uma das cidades mais importantes na história da independência escocesa, ali debaixo daquela ponte que aparece pequenininha na foto que aconteceu uma das grandes vitórias das tropas escocesas sobre as inglesas, sob o comando de quem? Do William Wallace é claro. A cidade é “escocesamente” linda. Toda de pedra também, com um dos castelos ditos dos mais bonitos do país construído no alto de um vulcão extinto.


Pé na estrada novamente rumo ao norte, às encantadas se não mitológicas Highlands (terras altas), como é chamada a região das montanhas escocesas. Novamente digna de longa-metragem, um só não, uma série. E assim me diverti solitária novamente, achando que estava no Highlander, pra entrar no clima já achei um albergue apropriado, cantei bastante a musiquinha do Queen “Who wants to live forever?”, mas não teve jeito, não vi nenhum ser imortal. Acho que foi meio falta de sorte porque minha visita ao Lago Ness também não foi muito produtiva.
Vi as montanhas, vi o castelo, vi o lago, fiquei até um certo tempo atenta e contemplativa e nada de Monstro do Lago Ness, só esse falcatrua mesmo. No final das contas deixei Inverness e voltei pra Londres sem ter visto nenhuma criatura lendária, as montanhas não são assim tão altas como diz o nome, mas a região tem um clima muito especial. Eu não tive tempo e além disso estava sozinha, mas conheci alguns viajantes fazendo trilhas de alguns dias passando por diversas destilarias locais, acho que é uma boa dica e quem sabe da próxima vez?


Enquanto isso...

Aline passeando pelas terras de Highlander e Coração Valente e eu (Augusto) acabei ficando em Londres pra fazer um dinheiro que ia ajudar no decorrer da viagem. Os planos iniciais eram de passar um mês na Inglaterra, 3 semanas juntando dinheiro e 1 semana só viajando, mas com os adiamentos das datas na África do Sul tive que mudar os planos e a semana de viagem acabou indo pro saco.

Na real foi legal, pois deu pra dar uma descansada no ritmo alucinado que vínhamos viajando e pra conhecer cada cantinho da capital inglesa. Com a ajuda do Diego, no final da primeira semana eu já estava trabalhando no Swan, bar do Shakespeare’s Globe, uma réplica do teatro de Shakespeare na beira do Thames.

Foram duas semanas e meia que passaram voando com a correria louca atrás do balcão e me divertindo com toda a equipe do bar enchendo a cara da high society londrina de vinho, champanhe, cerveja e caipirinha.

Depois de horas de bar havia um grande problema. A jornada de volta pra casa...cansado e sozinho fazia todas as madrugadas o mesmo trajeto, passando pela Millenium Bridge com a parada clássica para ver o visual do Thames e Catedral de St. Paul ao som dos “passarinhos”, pegava dois ônibus um pra praça central Trafalgar Square e outro até a estação mais próxima de casa e pra fechar quase uma hora e meia, mais uma caminhada até o flat que a gente dividia com mais 5 guris.

Pelo menos Londres é uma cidade muito segura e que funciona 24 horas e andar tranquilamente pelas ruas ou pegar um ônibus na madrugada é como se estivesse de dia. Em que outro lugar a praça central fica lotada às 3 horas da madruga com o pessoal fazendo fila pra pegar o ônibus?
No outro dia, quando acordava, já era hora do almoço. Então a rotina era acordar, arrumar algo pra comer e sair perambulando pela cidade procurando as figuras nos meio da multidão e os melhores os lugares para fazer uma foto, passar mais tempo e olhando com calma os museus, acertar situação nos consulados dos próximos destinos e quando olhava no relógio já tava na hora de voltar pro Swan.

Durante esse tempo andei bastante, conheci bastante, arrumei tempo para assistir ao La Clique, mas tudo sempre sozinho sentindo a falta da companhia que dividiu comigo todos os momentos até então e que dessa vez estava longe em terras de heróis e monstros lendários. No fim tudo valeu. O tempo em Londres foi legal pra viver um pouco como os milhares de estrangeiros que procuram essa capital do mundo pra visitar os amigos, treinar o inglês, pelo dinheiro, sua diversidade e diversão.

Pessoal, quem tiver qualquer dica ou contato para Europa essa é a hora de nos avisar. Estamos começando nossa temporada européia. Valeu!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Quanto custa Londres?

Londres, Inglaterra, Reino Unido. Tantas maneiras diferentes de abordar essa cidade, esse país, esse reino. E já que tem que começar de alguma forma que seja a melhor é claro. É bom de mais estar em uma cidade onde se tem tantas possibilidades, onde escolher o que fazer esta noite pode ser uma decisão que exija uma boa pesquisa entre tantas opções (seja sábado ou segunda). Espetáculos de teatro, dança, musicais, shows. Primeiro um restaurante, quem sabe depois um pub?

Sempre bem vestidos é claro, mas que tal parar aqui e tomar um café? Quanto mesmo? 3 do café + 18 da janta + 3 do outro café+ 30 do espetáculo + 6 (duas cervejas) + 10 de gorjetas. Total 70 libras (260 reais para cada pessoa), mas só hoje que o restaurante não era lá essas coisas e não havia mais tíquetes para o espetáculo mais badalado, amanhã depois de algumas comprinhas a gente faz alguma coisa melhor.

E quem paga o conta? O resto do mundo é claro, aqueles que originalmente não pertencem a essa ilha, mas que vêm aos montes para cá fazer o trabalho que a gente daqui não quer fazer. Mas não faz mal, é só dar uma boa gorjeta no final.
Dizem que quem vem pra Londres e converte não se diverte. Comigo não foi assim, porque converti mesmo, não só para reais que é o dinheiro que realmente está na minha conta bem como para os yuans chineses, os bahts tailandeses, os rieis cambojanos, as rúpias indianas e tantos outros dinheiros desse mundo que aqui não valem quase nada.

Depois de ter viajado mundo a fora por quase oito meses não me surpreendi com uma cidade grande, onde quase todas as casas são iguais não importa por onde você ande, com punks ou pubs ingleses. O que realmente me interessou foi entender a dinâmica da economia que faz a libra britânica ser o dinheiro que mais vale no mundo, chegando ao ponto de valer 4 reais ou 2 dólares quando chegamos.

Para os locais não é nada de mais e quem ganha 2 mil libras aqui (salário de motorista de ônibus) tem mais ou menos o mesmo poder aquisitivo de quem ganha 2 mil reais no Brasil. No entanto nenhum inglês quer ser motorista, garçom ou operário. Sendo assim cada vez mais estrangeiros vêm pra cá com esse intuito, sejam estudantes de inglês que torram quase tudo por aqui mesmo, sejam pais de família que economizam e mandam uma boa grana para casa.

Afinal acho que nenhum motorista de ônibus local no Brasil ganha o equivalente a 8 mil reais. Não dá pra dizer que os ingleses gostam dessa situação porque a maioria não gosta e não faz questão de disfarçar, sendo bastante grosseiros com os estrangeiros sempre que tem uma oportunidade.

E quando uma garçonete pede para que o cliente, por favor, repita o pedido para que ela tente entender, acaba escutando “fucking immigrants” como vimos acontecer mais de uma vez. Mas não adianta cara feia lord inglês, se a Inglaterra saiu para conquistar e modificar o mundo há alguns anos atrás será que o mundo não pode se achar no direito de fazer a mesma coisa? Isso com certeza não cabe a mim responder, apenas constatar o que é fato. É difícil ver inglês em Londres. Andando nas ruas, dentro do metrô,...no primeiro dia chegamos a achar que estávamos em um bairro indiano (brincadeira), mas aos poucos alguns tipinhos típicos foram se apresentando.

E na nossa busca por respostas começamos nossa jornada pelos museus londrinos. Aproveitando que são uma das poucas coisas que pode-se fazer de graça na cidade. Desde o Natural History Museum, Science Museum, o Victoria and Albert Museum, o National Gallery, National Portrait Gallery, Tate e é claro o Britsh Museum.


Vimos de tudo, desde nossos primeiros Van Goghs e Picassos até retratos da Rainha Elizabeth (a do séc. 16) em todos os ângulos e idades. No museu britânico muita arte contemporânea e elementos de várias partes do mundo. Mas pera aí, não era museu britânico?

Ou seria melhor museu de coisas que a Inglaterra “tirou” do resto do mundo? Das antigas civilizações então tem coisa que não acaba mais. Estátuas, instrumentos, paredes inteiras, múmias, sarcófagos. Dizem que o Egito em especial tem uma briga boa com a Inglaterra por causa disso.

Sinceramente não sei como vai ser quando a gente chegar lá, se ainda vai ter alguma coisa para ver, porque fiquei até assustada com a quantidade de arte egípcia dentro do museu. E assim algumas de nossas dúvidas começam a ser tiradas. O fato é que se muitas das coisas de valor do mundo estão aqui ou são de alguma maneira controladas daqui, sejam em bancos ou escritórios que existem aos montes; se todo mundo ganha bem e gasta bem aqui dentro, seja pra ir ao médico, andar no metrô, comprar um cachorro-quente...o dinheiro circula e quem quiser consegue ter uma boa qualidade de vida, com direito a tudo que uma cidade como Londres tem para oferecer.

E sem se esquecer que a gente também estava aqui pra aproveitar, com a ajuda da Martha (minha irmã) e do Diego (nosso amigo) que estão morando aqui, tivemos bons momentos em Londres.

Como não poderia deixar de ser conferimos o Big Ben, que como todo mundo já sabe não é tão grande assim, o Palácio de Buckinghan, A St. Paul’s Cathedral, a Tower Bridge, os vários parques da cidade, o aquário de Londres, o Kew Gardens e o observatório de Greenwich, onde o meridiano 0 passa e não importa que hora seja é sempre a hora certa.

Depois de alguns dias o Preto conseguiu um bico no mesmo restaurante onde o Diego trabalha e eu decidi ir sozinha para a Escócia. Ia ser a primeira vez durante viagem que cada um tomaria um rumo diferente. Antes ainda tive tempo de ir ao Madame Tussauds, para conhecer os famosos de cera.

Escolhi duas fotos para colocar no blog. Amy Whinehouse, que continua sendo a favorita dos tablóides e dando assunto aos ingleses e o Shahrukh Khan que depois da nossa passagem pela Índia passou a ser meu galã preferido dos cinemas. Assisti dois espetáculos, o La Cliqué, de circo contemporâneo que foi muito legal e We Will Rock You, musical com as musicas do Queen.

É um dos que está há mais tempo em cartaz, a crítica não gosta muito, mas eu me diverti. Depois eu pegava o bem e velho metrô, caminhava até o Thames e atravessava a Millenium Bridge até chegar ao Swan, bar onde o Augusto estava trabalhando. Posso dizer com certeza que essa é a lembrança mais marcante de Londres dentro de mim. Eu sozinha de noite atravessando a ponte, com toda a cidade iluminada a minha volta ao som do canto de passarinhos. Isso mesmo, Na Millenium Bridge, que é uma ponte só para pedestres, tem um alto-falante que reproduz o canto de passarinhos, não tem trilha-sonora melhor para o momento e se eu pudesse colocava aqui para finalizar esse post e tele-transportar todo mundo comigo diretamente para cima do Rio Thames.