segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Se embrenhando Europa adentro

Berlim, uma cidade que certamente exige um bom tempo para ser compreendida, decifrada. Levar em consideração tudo que se passou por aqui para entender como as coisas se transformaram no que são hoje. Infelizmente tempo não é algo de que dispomos, não tanto pelo tempo em si, mas pela questão da grana.

Se bem que em comparação com as outras capitais da Europa Berlim até agora foi a mais barata pela qual passamos (cerveja por 60 centavos). A capital da Alemanha, que já teve importância em tempos de guerra, que já foi realmente e inteiramente dividida por um muro e compartilhou dois sistemas, ultimamente é rica em arte, artistas e famosa por sua vida noturna.

Ficamos hospedados na casa do Arno, no lado leste da cidade e foi por lá que concentramos nossas andanças. Após alguns dias foi possível perceber que esse é o lado mais popular, mais turístico, com os museus, bares, clubs undergrounds de música eletrônica e tudo mais. O lado oeste é mais sofisticado e administrativo, o muro foi parcialmente derrubado, mas ainda existe uma séria diferença entre as Berlins de cada lado.

Há uma atmosfera própria e única, difícil de descrever, deve ser a cidade mais pichada do mundo, as pessoas bebem muito, em casa, nos bares, no metro, ah e sem esquecer que foi a maior concentração de parques de diversões que já presenciamos. Em Berlim nosso Europass (bilhete de ônibus) expirou, acabou mesmo e tivemos que pensar em um novo jeito de viajar. Os ônibus estavam completamente lotados para as próximas semanas já que era época de festas e o preço de aviões e trens nem se fala.

Confesso que botar o dedão e pedir carona chegou a passar pela nossa cabeça só que com esse frio ficamos com medo de congelar nas estradas. Foi então que descobrimos algo que funciona super bem principalmente na Alemanha, se chama car pool. Nada mais é do que rachar a grana da gasolina. É assim: quem tem carro e vai viajar coloca os dados na internet e quem tiver interesse liga e agenda, o site é: www.mitfahrgelegenheit.de

Queríamos sair de Berlim e ir até Praga, no entanto só encontramos car pool até Dresden, que fica mais ou menos no meio do caminho. Uma das cidades mais bombardeadas durante a segunda guerra, que chegou a encabeçar a lista do teste da bomba atômica e se não fosse pelo ataque do Japão a Pearl Harbor com certeza não estaria mais no mapa.

Hoje a cidade está parcialmente recuperada, alguns prédios na parte central acabaram de ser reconstruídos há apenas alguns meses. O que era pra ser uma passagem rápida acabou se estendendo por 3 dias. Joycie nossa couchsurfer nos convidou para passar o Natal com ela e seus amigos e é claro que a gente aceitou.

E foi assim a nossa noite natalina, após um mês de preparação intensa passando por diversos mercados de Natal e muito vinho quente depois, finalmente chegou a grande noite, com direito a peru, sobremesa que a gente fez e cerveja gelando do lado de fora da casa, ho ho ho.

Partimos então para Praga, uma das cidades mais lindas, com a arquitetura das mais impressionantes por onde já passamos. Uma pena que seja dado tanto enfoque ao turismo, tem vezes que parece uma procissão de turistas passando palas mesmas ruas e praças, fazendo as mesmas coisas, a gente queria conferir um concerto de música clássica, mas com esses preços não teve como.

Foi rateada nossa, não verificamos direito nossas respostas de pedidos para hospedagem e deixamos passar a oportunidade de ficar na casa de algum local, com certeza Praga deve ser bem mais que o que parece quando se sai do trajeto clássico. Nem por isso é claro deixamos de experimentar e nos deliciar com as cervejas tchecas, consideradas as melhores do mundo, inclusive a verdadeira e autêntica Budwiser (pilsener), não a americana falcatrua com o mesmo nome.

De Praga para Viena e lá uma sensação estranha, apesar de a cidade ser belíssima (linda mesmo), a impressão que tivemos foi a de que tudo estava de alguma maneira se repetindo, tudo muito certinho de mais, pode? Acho que bateu uma saudade dos tempos da Ásia. Felizmente encontramos a Sarah no nosso caminho, uma guria super gente boa que nos hospedou e nos levou pra cima e pra baixo nos mostrando tudo, o Castelo e seus jardins, os prédios de Arte Nuveau e a night vienense.

Chegamos a Budapeste uma noite antes do Ano Novo, queríamos ter um tempinho pra conhecer a cidade antes de nos prepararmos para a nossa festa. Ficaríamos uma noite hospedados na casa de uma couchsurfer e as demais num albergue por opção nossa.

A gente não tinha a menor noção do que estava a nossa espera. Chegamos à casa da menina já era tarde, tudo certo como de costume. Ela foi simpática e atenciosa, conversamos um pouco, ela nos disse que morava com mais duas pessoas, mas que provavelmente não os conheceríamos já que eles haviam saído com amigos e talvez só voltassem no outro dia. Lá pelas tantas chega uma gurizada em casa, bem jovens, tipo uns vinte anos. Eu (Aline) estava concentrada na internet pesquisando passagens de volta ao Brasil, apenas cumprimentei-os e continuei atenta ao que eu estava fazendo.

Em seguida eles começaram a convidar insistentemente a gente para sair. Eu disse pro Preto que eu estava bem cansada e queria poupar minhas energias para o réveillon, mas sugeri e até insisti com ele para que ele fosse, pois sabia que ele não estava cansado. No final não entendi porque ele estava tão tenso e relutante em dizer que não. Era uma da manhã quando eles saíram e a gente foi deitar. Perguntei pro Preto por que ele não quis sair e a resposta foi “tu não viu?” e eu lá com aquela cara de quem não sabe o que está acontecendo. Daí finalmente ele me explicou. Disse que os guris estavam com um bracelete com o símbolo da suástica passando de um em um rindo e tirando fotos.

Bah, por essa a gente não esperava, se deparar assim com neonazistas, quando realizei falei “vamos embora daqui agora, sabe-se lá o que se passa na cabeça dessas pessoas”. Daí o Preto me tranqüilizou, para onde a gente iria no meio da madrugada, sem reserva em época de ano novo, temperatura negativa lá fora. A guria que nos hospedou era legal, tinha muitas referências positivas na sua página do couchsurfer e não tinha nada a ver com os outros, inclusive depois ela veio se desculpar dizendo que eram apenas jovens que não tinham idéia do que aquilo realmente representa.

Mesmo assim dissemos para ela que ela tinha essa missão, de tentar fazer aqueles cidadãos caírem na real e mudar de atitude. Agora imagina a tensão, nós estrangeiros, cara a cara com nazis, mesmo que desse tipo. Raiou o dia e nos mandamos, dia de conhecer Budapeste e esquecer do sufoco. Já havíamos passado pela República Tcheca que é considerada Europa Oriental, mas foi na capital da Hungria que enxergamos a grande diferença entre as duas Europas. A arquitetura é belíssima como em todo o continente, algumas regiões são especialmente encantadoras, mas no quesito conservação as coisas não são bem assim.

A maior parte da cidade apesar de linda tem um aspecto bem velho, além disso vimos vários mendigos, coisa rara até então e em cada estação de metrô uma enorme concentração de bêbados e gente fazendo bagunça. Noite de Ano Novo não podia faltar lentilha e champanhe é claro.

Saímos com o pessoal do albergue para comemorar na rua lotada de gente apesar do frio (sensação térmica de 13 graus negativos) e depois com festa é claro, adeus 2008, o ano mais intenso de toda nossa vida, feliz 2009, que o que vier venha para o bem e de preferência seja especial e bem emocionante!!!

De Budapeste seguimos para Veneza na Itália, uma cidade construída entre os canais de uma ilha. É quase inacreditável que ela exista, assim toda amontoada, mas com muito charme é claro. Chegamos lá de baixo de neve, uma raridade em se tratando de Veneza e mesmo assim tudo estava lotado, fico imaginando como deve ser no carnaval ou no verão. Dizem que a quantidade de gente colabora para dificultar a manutenção da cidade, mas fazer o quê? Todo mundo quer passar por lá antes que ela afunde.

Última parada nesse post: Milão. Essa valeu, ficamos hospedados na casa do Gabriele, gente finíssima e sua família italiana de verdade com direito a polenta, risoto a milanesa e até um dog pra passear com a gente de baixo de neve na beira do rio.

A cidade em si não nos impressionou muito. Tirando o Castelo e a Catedral que o que vimos foi um verdadeiro shopping center a céu aberto com todo aquele povo fazendo fila na frente das Guccis e Pradas da vida esperando sua vez nas promoções. Definitivamente não é programa para a gente, portanto pé na estrada novamente.

8 comentários:

Anônimo disse...

Olá, parabéns pela viagen, estou terminando meu curso em portugal meio do ano e penso em tirar um ano para viajar, vcs optaram pelo passe RTW? se puder dar alguma diga agradeço

Anônimo disse...

Olá casal! Resolvi me atualizar um pouco com vcs...rsrs...muito lindas as fotos, vcs nos envolvem através delas, de cada sentimento em forma de palavras postadas... Enfim, é muito bom acompanhá-los, estou sempre enviando energias positivas daqui... boa viagem para a próxima parada... abração até breve! Bjks Claudinha

Augusto Cavalcanti e Aline Grill disse...

Olá Thiago,
nós compramos o bilhete RTW da Oneworld "oneworld Explorer" mas me parece que eles mudaram um pouco as condiçoes. A gente teve 20 paradas ao total e acredito que hj só se pode ter 16. Como vc já está na Europa há outros modelos de tickets que podem ser mais convenientes. Dá uma olhadinha no site da Oneworld (www.oneworld.com). No primeiro post do blog tem algumas dicas boas para vc ter uma idéia do que vai precisar pra iniciar uma viagem. qq coisa nos pergunte.

Oi Claudia, sua presença aqui sempre é empolgante pra continuar postando.

Abraçao,
Augusto e Aline

Anônimo disse...

eu nao conheco vcs mas
estou adorando o blog.

axé!

: )

Futuro da minha árvore... genelógica! disse...

Olá... aproveitando a experiência de vcs... gostaria de uma grande dica inicial... pois meu sonho de vida é conhecer a itália, mas não queria ir por agência de turismo, uma vez que, além de conhecer os grandes monumentos, queria ter a oportunidade de ser recebida por uma família, com aquela mesa farta, música, e muita alegria... do jeito que imagino ser uma legítima refeição italiana... por isso pesso conselhor de por onde começar o meu planejamento? qual o primeiro passo? como calcular gastos, etc...
Parabéns pelo blog, t+!

Paulo disse...

bem legal o post, deve ter sido uma experiencia muito legal, to até procurando uma barraca nova, encontrei um site legal, fica ai a dica
http://www.equipamentoscamping.com.br

Apa disse...

Muito legal o roteiro de vocês. Estou planejando uma viagem dessas para 2012/2013, com um roteiro bem parecido. Sou zootecnista e trabalho com Aquicultura. Como vi que você é oceanógrafo, creio que poderás ajudar-me. Planejo incluir nesta viagem, algum estágio de vivência em Aquicultura em algum dos países do sudeste asiático, por alguns meses. Terias alguma dica? Tailândia, Vietnã? Malásia? Filipinas? Você é oceanógrafo formado onde? Tenho uma porção de amigos desta área.
Mais uma vez parabéns pela Trip!
Abraço

shop music marketing disse...

Que legal, adorei!