domingo, 7 de dezembro de 2008

Egito, do Rio Nilo ao Mar Vermelho

Acha que vir pro Egito se resume em ver pirâmides? Então está muito enganado. Em meio a um país de desertos, onde a maioria esmagadora da população se restringe a uma mínima parte do território, há algo que foge a regra e modifica totalmente a paisagem. O Rio Nilo, cuja importância milenar permanece até hoje, ao redor do qual floresce o verde e a vida e onde se concentra a maioria dos sítios arqueológicos do país.

Seguindo a dica do nosso amigo Rodrigo Ahavis que morou no Egito por um tempo, seguimos em direção ao sul até a cidade de Aswan. Não estávamos fazendo muitos planos para lá, principalmente após ter encarado 17 horas de trem. Queríamos apenas agendar uma das inúmeras felluccas para subir o Nilo no dia seguinte. No entanto a atmosfera da cidade nos fisgou, com aquele gostinho de oriente que nos incomoda, mas nos fascina.

Novidade mesmo só o papo de deserto, do tipo engraçadinhos perguntando para o Preto quantos camelos eu valia. Será que com as mulheres de lá isso também tem um tom de brincadeira? Já pensou uma conversa entre amigas comparando a quantidade de camelos que cada uma vale?! Nem precisa dizer que em Aswan os preços são super-inflacionados e reina a lei da pechincha, mesmo assim sobrevivemos graças ao bom e velho Kochare. Lentilha, arroz, macarrão, cebola frita, molho de tomate e grão de bico, tudo misturado, bom de mais e nada melhor para intercalar com pitas e falafels (pão recheado com salada tahini e bolinho frito de massa de grão de bico). E aí, abriu o apetite?

Nossa viagem de veleiro Nilo acima durou dois dias e duas noites. O tempo inteiro dentro do barco com mais 10 pessoas e dois guias. Eu (Aline) estava com uma baita gripe e capotei, dormi a maior parte do tempo. Mesmo assim lembro das margens verdinhas do rio cercadas de montanhas pálidas desertas.


Nossa chegada foi em Komo Ombo e de lá seguimos para Edfu onde visitamos o Templo de Horus, o primeiro do nosso trajeto. É um dos mais bem preservados do país, as paredes esculpidas ainda exibem desenhos impressionantes (com exceção de algumas divindades e da parte que representava os genitais masculinos, os quais foram destruídas por invasores romanos e persas).

De Edfu direto para Luxor, antiga Tebas que foi o centro do poder no auge da antiga civilização egípcia. Lá estão localizados o Vale dos Reis, onde se encontram as tumbas dos faraós mais importantes desse período e o Templo de Karnak, um gigantesco complexo que disputa com o Angkor Wat no Camboja o título de maior construção religiosa existente.

O templo de Karnak é dedicado a Amun, o Rei dos Deuses. Teve a colaboração de diversos faraós, que adicionaram novas estruturas ao lugar ao longo dos tempos. Chegamos lá caminhando, meia hora de baixo de um sol de matar percorrendo as ruelas da cidade, passando por zonas onde casas simples estão construídas em meio a lixo e praticamente em cima de obras milenares.

Conhecer o templo vale a pena, esculturas e pinturas ainda preservadas mostrando o estilo e a arte das antigas civilizações. Agora difícil é chegar ao Vale dos Reis no outro lado do rio. Como a gente já descreveu aqui no blog, já passamos por algumas situações nem um pouco confortáveis com pessoas que grudam e tentam de toda forma conseguir algum dinheiro, mas num ponto a gente concorda, nesse aspecto o Egito ganha de todos os lugares.

Tem uns caras (taxistas) que fazem uma verdadeira perseguição, houve um deles que nos acompanhou sem ser desejado por uma caminhada de 10 minutos e nos esperou do lado de fora de uma lancheria onde tomamos um demorado café da manhã de 20 minutos. Após todas as nossas investidas para que nos deixasse em paz ele continuava na nossa cola até o ponto em que eu disse que se ele não parasse de nos seguir eu iria chamar a polícia. Parece agressivo da minha parte, mas não é nada legal ter um alguém atrás de ti te pressionando desse jeito. O pior é que se tu reclamas eles ficam de cara, e não adianta dizer que quem quer respeito precisa respeitar primeiro.

O fato é que se eles têm os esquemas deles para arrumar grana nós temos os nossos para economizar e assim conseguimos uma carona até o Vale dos Reis (lugar para o qual geralmente se paga caro para ir). O motorista de uma van que estava voltando para casa após ver nossa pesquisa acirrada pelos preços mais baratos disse que ia nos levar lá porque viu que a gente era muito pobrezinho.

Chegamos super empolgados pois havíamos escolhido a dedo quais tumbas visitar (já que o ingresso só dá direito a três). No entanto as principais estavam fechadas para reforma e a de Tutankamon, a mais famosa e a única encontrada intacta era mais cara. Decidimos então entrar na de Thutmose III uma das mais anitagas e profundas, de Twoseret e Ramses IX que é a mais visitada, mas para nós foi a menos interessante já que muitos de seus componentes foram levados para o British Museum na Inglaterra.


Agora imperdível em Luxor é vôo de balão. Devido à alta concorrência é um dos lugares mais baratos no mundo para se fazer isso e toda a função é bem emocionante. Primeiro acordar às 4 da madrugada e embarcar enquanto ainda é noite. O balão vai alto e sobrevoa o Vale das Rainhas e o Vale dos Reis dando uma boa idéia de como se organizava aquela civilização nos tempos antigos. Dá pra ver também o Nilo e sua estreita margem verde no meio de uma imensidão de deserto por todos os lados. Até que quando se está bem lá em cima, cercado de mais outros 20 balões o sol nasce no horizonte e nos propicia mais um momento inesquecível nessa aventura louca de viajar pelo mundo.


Mas...o pior é que depois de uma coisa boa sempre tem um mas. Nem tudo são flores e tivemos que encarar nossa única e também inesquecível viagem de ônibus no Egito.

No país rola um controle forte sobre os estrangeiros nas estradas já que não foram raras vezes que seqüestraram gringos por aqui. Sendo assim os ônibus e micro-ônibus viajam em comboios e a cada duas horas (ou menos) tem uma parada para apresentação de tíquetes e passaportes. Nossa viagem de Luxor a Dahab que supostamente duraria 12 horas acabou durando quase 20 e foi parando a madrugada inteira.

Muito cansativo, chegamos lá uns zumbis com os pés inchados, famintos e pedindo um banho, só pra variar. Mesmo assim valeu a pena, estávamos na Península do Sinai. Dahab é uma das principais cidades litorâneas da região, considerada um dos melhores picos de mergulho do mundo.Na beira do mar não há praia, simplesmente um abismo. Onde a água encosta na terra já há uma queda para 15 metros de profundidade (nas áreas mais rasas).

E uma surpresa, o mar vermelho não tem nada de vermelho, é azul, mas azul AZUL! Principalmente de baixo d’água e a vida marinha é muito rica, especialmente em peixes e corais. O lugar é alucinante, cercado de cadeias de montanhas e com a Arábia Saudita ali na frente, bem visível do outro lado do Golfo de Aqaba. Essa é a terra dos beduínos e do Moisés que como diz a Bíblia abriu o Mar Vermelho aqui por essas bandas. Mas isso á assunto do nosso próximo post, à medida que nos aproximamos da Terra Santa.

7 comentários:

Anônimo disse...

Oi amigos,
amei o post como sempre, linda as fotos do balões!!
saudades!!

Anônimo disse...

Linda! Mais uma vez apaixonada pela aventura de vcs... amei a saída de balão... e me lembrei de uma imagem de um balãozinho de papel q ficava pendurado no visor do teu carro, não?! Já anunciando o imaginário Aline!!!
Um abração pra vcs!
Bjks Claudinha

Leonardo Rios disse...

Mais uma vez fantástico! Show de bola! Abraço!

Anônimo disse...

Só na vida boa, balãozinho, mar vermelho que é azul, egito, desse jeito vcs vão chegar aqui no Brasil e vão querer dá outra volta ao mundo,
Beijos e Abraços....

Anônimo disse...

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!
Voar de balão é bom de mais!!!

Anônimo disse...

Oieeeee
Voltei!!!!!
Imagino o qto deve ser bom meeeesmo voar de balão, ou melhor, nem imagino.... q maravilha! Ah, deu saudade de comer falafel, coisa boa né.... Bjs a vcs, vou ler o próximo que estou atrasada nos posts hehehe

Anônimo disse...

Ahhhhhhhhhhhhh
balões, balões!!!!
sonhoooooo
tudo a ver!
beijooooooo