terça-feira, 4 de novembro de 2008

Mais África do Sul

Pé na estrada novamente, ou melhor horas e horas de estrada novamente. Nada melhor para passar o tempo que música e biltong. Jazz, nisso o país tem história e em nosso caminho ouvimos bastante. Biltong, não existe como pensar em África do Sul e não lembrar dele, o petisco mais tradicional, que não falta em nenhuma loja de conveniência ou mercadinho e estava sempre no carro com a gente. Carne seca nos sabores kudu e avestruz.

De Durban seguimos rumo ao nosso destino mais esperado na África do sul, a Wild Coast. Há pouco tempo, ainda em Cingapura assistimos um documentário sobre a costa selvagem da África e ficamos fissurados pelo lugar. Um litoral rústico, pouco habitado, com pouca influência estrangeira e muito bonito. Em determinadas épocas do ano é sede de um dos maiores frenesis alimentares do mundo, com a migração de cardumes gigantes de sardinhas e junto com elas golfinhos, baleias e tubarões.

Tivemos uma rápida parada em Port St. Jones, um importante centro comercial regional. A praia não é lá essas coisas, mas foi legal ver as pessoas falando em diferentes dialetos e ter contato com a cultura local. É impressionante a quantidade de idiomas falados dentro do país. São 11 línguas oficiais e mais 8 dialetos, dentre eles os mais falados são o inglês, o africaanz (derivado do holandês) e a língua nativa zulu. E no final, não sei como, todo mundo acaba se entendendo.

De lá para Coffee Bay, praia famosa pelo surf, mas que para nós foi somente o ponto de partida para uma das trilhas mais legais que já fizemos nessa viagem.

Foram cerca de quatro horas desbravando a Wild Coast, passando por alguns vilarejos, falésias, praias de seixos e montanhas sempre com um mar azul, agitado e um vento frio nos acompanhando. Lindo demais.

Nosso percurso ainda incluiu uma parada em Chintsa, onde uma laje de arenito aflora na praia formando várias piscinas naturais trabalhadas pela ação das ondas.

O Preto estava ansioso para chegar em Jeffreys Bay e conferir a onda de Super Tubes, mas não foi dessa vez. Nem onda com tubo nem sem tubo, deu azar e pegou um dos mares mais requizitados pelos surfistas do mundo num dia mais que parado.


Em Plettemberg Bay vimos algumas baleias e Knysna foi nossa última parada antes chegarmos a Cape Town. Foi uma jornada cansativa, muita estrada, muitas paisagens e pouco tempo para cada lugar, mas valeu a pena. A costa da África do Sul é linda demais, especialmente nesse início de primavera.

Chegamos a Cape Town ao entardecer, todo mundo de boca aberta com a beleza da Table Mountain, gigantesca no meio da cidade. Direto para a casa do Martin, sul-africano que nos hospedou por lá. Essa eu (Aline) nunca tinha visto, hospedar 6 pessoas desconhecidas ao mesmo tempo, mas não é que o cara nos recebeu...e muito bem. A estadia na casa do Martin ainda teve direito a um churrasco e passeio pela cidade, incluindo uma colônia de pingüins que fica no trajeto para o Cabo da Boa Esperança.

Uma baita colônia de pingüins bem pequenininhos, é só passar por ali e chegar junto, eles nem se importam. Na mesma enseada várias baleias junto à costa, mais de 15 eu acho. Junta tudo isso com as vistas espetaculares e não dá mais vontade de sair de lá.

Só que a gente não podia ficar parado ali. Um momento muito especial nos aguardava, a gente tanto ouviu e tanto estudou que antigamente o que todo europeu queria era dobrar o Cabo da Boa Esperança que também ficamos com vontade. E lá fomos nós dobrar o Cabo também!!! Todo o parque nacional é lindo, mas a vista do Cabo da Boa Esperança, no extremo sudoeste da África é o auge.

No outro dia, nós que “quase nem caminhamos”, resolvemos subir a Table Mountain. Os locais nos disseram que não era difícil e o visual era uma beleza. Bah que sufoco, primeiro para achar a tal da trilha e depois para subir na montanha. Bem puxada a caminhada e o que supostamente deveria levar cerca de uma hora para nós levou mais de duas.

De cima Cape Town consegue ser ainda mais linda e faz juz a fama de ser uma das cidades mais bonitas do mundo. De lá dá pra ver tudo, até o extremo sul do continente. Na volta cada um voltou ao seu ritmo, Molote e Emanuel tomaram a dianteira e no final nem vimos mais eles. Já era de tardezinha e nós e as belgas nos perdemos entre as várias encruzilhadas da trilha. A noite caindo e começamos a ficar apavorados de não acharmos o caminho certo.

A gente estava sem telefone e sem o contato do Martin. No final acabamos chegando nos fundos de umas casas, pulamos uns muros e chegamos a uma rua, bem longe de onde deveríamos estar. De repente, não sei como o Molote aparece lá com o carro para nos resgatar, inacreditável. Ele disse que já estava há um bom tempo rodando atrás de nós e meio por acaso passou por ali, ainda bem. Fomos resgatados sãos e salvos por nosso amigo Molote bem a tempo de pegar o pôr-do-sol numa das praias ali por perto.

Um novo dia para conhecer o centro da cidade bem como o cais que eles chamam de “Water Front”. Não se vê muita gente andando nas ruas, mas violência é menor e a qualidade de vida é dita bem melhor que em Pretoria (a capital) e Johannesburg (principal centro financeiro).

Domingo à tarde em Cape Town é dia de churrasco em Guguleto (um bairro simples) numa das inúmeras cidades satélites da região. Chegamos lá antes do meio dia, as coisas ainda estavam tranqüilas, mas já se armando. Aos poucos foi chegando cada vez mais gente, todo mundo comendo e bebendo cerveja. Vários locais ficavam espreitando os turistas e metendo a mão no prato da galera pegando comida, outros pedindo as roupas que as pessoas estavam usando. Cheguei a dizer pra uma mulher, “se eu te der a minha blusa vou ficar como aqui, pelada?”. Foi em Guguleto também que recebi meu nome africano. Enquanto as belgas receberam nomes que significavam estrela, brilhante...minha nova conhecida africana, em seu pico alcoólico, me deu o nome de Zanele( com certeza não é essa a escrita);que significa algo do tipo chega de crianças, já há meninas suficientes. Interessante não? Quando eu imaginaria ter um nome africano com esse significado?

Depois de algumas horas já estava todo mundo bebum, dançando colado, rebolando, se esfregando. Me lembrou muito alguns lugares no Brasil, no entanto a música que predominava era o hip hop. Quando chegou a tardinha o clima já não era dos melhores,algumas confusões e brigas começaram a se armar e então decidimos partir.

Uma pena dar adeus aos nossos novos amigos, mas ao nos despedirmos de Cape Town nos despedimos também dos nossos companheiros de viagem. Sarah e Anelice voltaram para a Bélgica, Molote e Emanuel para Johannesburg. Nós dois embarcamos numa longa jornada de ônibus atravessando o interior da África do Sul rumo ao Kruger Park, no extremo nordeste do país.

O Kruger é um dos maiores e mais importantes parques nacionais de toda África, com enorme quantidade e diversidade de animais selvagens. Infelizmente a gente só tinha dois dias, o que é pouco se for considerar o tamanho do parque e a sorte que se tem que ter de estar na hora e lugar certos para dar de cara com os bichões.

No primeiro dia entramos pelo portão Malaleine, o mais próximo de Nelspruit, cidade onde alugamos nosso carrinho. Horas e horas rodando por áreas muito secas. Vimos alguns elefantes de longe, zebras girafas, javalis e muitos, mas muitos veados de todos os tipos. A noite dormimos em Komatiport já que dormir no parque é possível, mas muito caro.


Todos haviam visto leões e leopardos menos a gente. No segundo dia entramos pelo portão Crocodile Bridge, agora sim, fizemos um longo percurso acompanhando o rio onde se concentra a maior quantidade de animais. Vimos de tudo, muitas aves, rinocerontes, elefantes, hipopótamos, menos os felinos. É não foi dessa vez, eles com certeza nos viram, mas nós apesar da busca acirrada não encontramos os leões, chitas e leopardos do Kruger. Hora de voltar a Johannesburg para enfrentar mais um grande percurso e embarcar numa nova etapa da viagem.

8 comentários:

Augusto Cavalcanti e Aline Grill disse...

Ahhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!Finalmente! Acabamos de publicar o post mais demorado de publicar da história do blog, afinal quanto mais fotos mais trabalho, mas valeu a pena, está bonito.

Anônimo disse...

Perfect the photos and history!


:)

good luck for you and an excellent travel!

Anônimo disse...

Amores!!!
o blog tá lindo mesmo!!!e esse post ficou irado!!!
saudades!
beijos e cuidem-se!!!

Anônimo disse...

Nossa!! Linda as fotos, adorei mesmo!! Aline tu que me conheces, fico me imaginando nessa situações heheh impossible né?? vcs tem um espírito livre com certeza, que ORGULHO!!beijos!! saudades sempre!!

Leonardo Rios disse...

Show de bola! Essa parte dá Africa tá muuito legal!
Jo'burg é meio assustador, pricipalmente downtown...uma experiência diferente! Não esqueçam de ir no Museu do Apartheid...melhor (ou pior) maneira de mostrar o que fizeram por lá! E a viagem segue....abraço!

Anônimo disse...

Meninossssssssssssss, que tudo que tá essa trip! Mto bacana! As fotos estão lindas e as histórias de cada uma são emocionantes! Estou me programando para ir à África! Vcs se lembram daquele meu projeto inicial de qdo cheguei a Natal, né? Enfim, depois que li uma das histórias de vcs por terras africanas tive a certeza de que em pouco tempo farei um trampo aí com essa galera! Na real, sou eu quem vai acabar tendo experiências inesquecíveis por toda a vida! Bjão p vcs!!! Saudades!!!Andréia

Anônimo disse...

está aventura de voces está sendo muito prazerossa para nós aqui nos sul do brasil nem imaginavamos de ter uma linda neta fazendo ésta desfrute bastante,pois estão dando muitas aulas de histórias,e desbravando o mundo.estamos com muitas saudades beijos,marciano e dadá estamos sempre acompanhando seus deslocamentos;

Anônimo disse...

Oi Fabricio, valeu por continuar acompanhando a gente!

Tati, beijao tambem e saudades veinha!!

Ah, Camila, depois que vc se aventurou pela Europa a fora vc tem que confessar que tb tem espirito aventureiro, quem sabe apenas mais escondido...

Bah Leo, nossa passagem por Jo'burg foi relampago, nem deu tempo de nos aventurarmos pelo centro...

Deiaaaaaaaaaaaaaaa, que bom te ver por aqui de novo. Ja te disse, faz a mochila e te larga que e bom de mais, tu vai amar a Africa!!

Marciano e Dada, obrigada pelo carinho e por continuarem acompanhando o blog.Saudades de vcs!!

Um super beijo pra todos!!

Aline