Finalmente a Indonésia

Finalmente a Indonésia! Ah, esse post estava encantado e devido à correria dos últimos dias de viagem demorou, mas saiu. Para alegria dos nossos mais fiéis participantes do blog que estavam ansiosos por esse momento bem como para a de qualquer conterrâneo que passe por aqui, a final parece que todo brasileiro tem uma queda por Bali.

Ao chegarmos na ilha completamos os nossos seis meses na estrada. Meio ano fora de casa, parece um bom tempo, mas passou voando. Quanta coisa aconteceu, quantos lugares, quanta gente, quantas culturas, quantos momentos, quanto aprendizado, quanta saudade, quantas dúvidas, quantas certezas, quantas risadas, quantas lágrimas, quantas surpresas, quantas camas diferentes no nosso caminho.

Mesmo com a mudança constante, não importa onde a gente esteja, nunca falamos vamos voltar para o albergue ou para a guest house. A gente sempre fala “e agora, vamos pra casa?” e lá vamos nós para a nossa próxima casa, mesmo que ela seja nossa apenas por uma noite. E a viagem continua tanto pelo mundo a fora como pelo mundo de dentro.

Enquanto o percurso deixa marcas nas capas das mochilas que já estão sujas e cheias de remendos, as experiências nos marcam e escrevem a nossa história, dois jovens que se aventuraram pelo mundo e agora chegaram à Indonésia. Nossa viagem não se resume em conhecer lugares e sim em viver lugares. Tudo o que temos passado tem sido incrivelmente especial para nós, com seus bons e maus momentos, principalmente aqueles em que estamos longe de quem amamos quando gostaríamos de estar perto.

Ao chegarmos a Bali bateu uma baita saudade, a final nunca havíamos tido tanto contato com brasileiros assim desde que saímos do Brasil. Brasileiro não costuma viajar muito para fora do país, ainda mais para a Ásia. Mesmo quem tem grana, prefere investir num carro bom, se tiver mais grana compra um carro melhor e por aí vai. Encontramos uns brasileiros na ilhas da Tailândia e olhe lá. Mas em Bali foi diferente, já na chegada do aeroporto começamos a escutar a galera falando em português. Em todas as praias, em todos os cantos, só dava brasileiro, principalmente cariocas surfistas.

A Indonésia é um país grande, composto por várias ilhas, Bali é apenas uma delas, a única hinduísta entre tantas muçulmanas. É pequena, mas com certeza a mais badalada e famosa por suas perfeitas ondas tubulares que quebram bem no rasinho sobre bancadas de corais.

Quem chega lá vai direto pra Kuta Beach, não tem como escapar, é a praia mais central, perto do aeroporto e o principal centro comercial. A praia não tem nada de mais, não dá pra dizer “ai que paraíso”, sinceramente quando se chega lá e se vê aquele monte de gringos de ressaca depois de terem disputado lugares nos queijinhos com as prostitutas locais num bar-boate-inferninho chamado Bounty dá até uma decepção.

O dia-a-dia de Kuta é esse, balada, ressaca na praia e passear pela Poppies 1 e Poppies 2, duas ruas turísticas estreitinhas, onde na frente de cada loja fica uma oferenda hindu. Lá achamos um restaurante chamado Coconut Place, ah, esse merece ser citado, toda as comidas deliciosas com média de preço de 2,50 reais e um suco de manga inesquecível.

A gente ia lá comer o gado gado, que é um dos pratos mais tradicionais do lugar, arroz, prawn cracker e vegetais com molho de amendoim. Ai que delícia, várias comidas em Bali tem esse molho e nós ficamos fãs. É, nem tudo é banal em Kuta, foi ao ver o nosso primeiro por do sol lá que começamos a dar mais valor ao lugar onde estávamos.

Simplesmente incrível, lindo, não tem explicação. O sol se põe no horizonte sobre o mar como uma bola de fogo laranja gigante e deixa todo mundo de boca aberta.

Nos outros dias novamente a bordo de uma motinho seguimos para o sul da ilha desta vez sim com o objetivo de ver belezas naturais. Conhecemos várias praias, entre elas uma bem famosa chamada Dreamland.

Com esse nome achamos que o lugar seria um sonho e ao chegarmos nos deparamos com uma prainha de areia clara e ondas fortes, com tudo para ser bonita se não fosse um pequeno desastroso detalhe. Alguma criatura cheia da grana teve a brilhante idéia de fazer um resort ou algo do gênero na beira da praia, quase mar adentro. Acabou com a magia do lugar, montes e montes de concreto e uma estrutura gigante ainda em construção, é isso que se tornou Dreamland.

Mesmo assim a gente não se abalou, sabíamos que Bali ainda nos reservava muito mais. Próxima parada Padang Padang, foi custoso chegar lá de motinho, no escuro, sem conhecer as estradas, e com algumas lombas punks no nosso caminho, mas valeu a pena. Até que enfim a Indonésia paradisíaca da qual tanto tínhamos ouvido falar. Linda praia, várias falésias, pouca gente hospedada por lá, na grande maioria surfistas e gurias que curtem surfistas e “surf life stile”.

Tanto em Padang Padang quanto em sua praia vizinha Uluwatu (maravilhosa também diga-se de passagem) é esse o clima. Só se houve falar em ondas, em séries de ondas, pranchas, bah, é pior que médico quando começa a falar de doença.

As únicas pessoas que não falam disso são as massagistas que passam pra lá e pra cá oferecendo massagens. Oferecendo não, impondo. Elas reconhecem as brasileiras sem ter que perguntar, pelo tamanho (pequeno) do biquíni e (grande) da bunda. Chegam já metendo a mão e dizendo “brasileira né, vi pela bunda” e dê-lhe massagem.

Enquanto isso a cada 5 minutos sai algum esfolado, ensangüentado, arrebentado de dentro d’água. É, as ondas são maravilhosas, mas o fundo de coral não perdoa e a galera se machuca mesmo. Insisti pro Preto cair no mar, a final a gente estava num dos melhores lugares do mundo para o surfe, mas confesso que quando ele foi fiquei preocupada e esperando que voltasse de uma vez, são e salvo.

Ainda bem que deu tudo certo e ele voltou inteiro, seguimos viagem para Nusa Dua.e no dia seguinte para as Gili Islands, próximas à costa de Lombok. Três ilhasinhas, na maior delas, Gili Trawangan onde ficamos dá pra dar a volta completa em apenas duas horas.

Paraíso das tartarugas marinhas, num drift (um tipo de snorkel em que se é levado pela corenteza) de aproximadamente 200 metros deu pra ver várias bem grandonas, além de todo resto da vida marinha que é linda por lá. Saímos da água todos queimados por águas vivas, tão pequenas que não dá pra enxergar, mas que nem por isso deixam de fazer um baita estrago.

Que lugar estranho, há uma população fixa que não é pequena habitando o arquipélago, fora a grande quantidade de turistas que chega a toda hora. Mesmo assim não há veículos automotivos nem polícia, parece perdido ou ignorado pelo governo de Lombok. Dizem que os próprios habitantes têm suas regras e que cuidam para que elas sejam cumpridas.

Só que pelo visto não são tão rigorosos. Ao andar pela rua principal, a beira-mar, quase todos os bares anunciam com placas enormes uma das grandes atrações das ilhas, cogumelos alucinógenos. Isso mesmo, uma pequena ilha sem polícia, onde o maior negócio é vender cogumelos pra deixar os gringos loucões. Mas as Gili são mais que isso, praias lindas e um clima mais tranqüilo que a sua vizinha Bali. Nos despedimos da Indonésia e nos preparamos para o nosso último destino na Ásia, mas esse é assunto do próximo post que logo logo estará no blog.