sexta-feira, 11 de julho de 2008

Massagistas de Pushkar

E a jornada pelo Rajastão continua...superado o trauma do deserto o objetivo agora era Jodhpur, a cidade azul. Não ficamos muito tempo por lá, só o suficiente para ver que de fato a cidade é quase toda azulzinha e saber um pouco mais de sua história. Em Jodhpur ainda vive um marajá, com toda pompa e respeito dos tempos de antigamente. Para não deixar seu palácio ele deu um jeito de transformá-lo em um resort 7 estrelas e continua morando por lá.

E assim ele continua super-milionário e com muito prestígio e influência na região. Jodhpur é uma cidade grande, com diversas lojas de tecidos e saris. Legal é ver como funciona esse tipo de negócio na Índia. Uma vez que se chega numa loja, se tira o sapato, entra, senta e espera o vendedor descer tudo que tem nas prateleiras e mostrar todos seus produtos pacientemente.


As vezes ele serve um chai, as vezes conta histórias cabeludas e muitas mentiras para conseguir vender alguma coisa. Nunca se pode comprar nada de primeira, tem que pesquisar e pechinchar, porque a lábia desses comerciantes não é fraca.


De Jodpur seguimos para Pushkar, uma cidade que apesar de pequena atrai muitos visitantes hindus.É um dos poucos lugares no mundo onde existe um templo dedicado ao Deus da criação, Brahma. Estávamos cansados de ficar pra lá e pra cá, nos movendo a cerca de cada 2 ou três dias e escolhemos essa cidade para parar um pouco e aprender alguma coisa.

Nos matriculamos num curso de massagem ayuverdica. O ayuverdismo é uma espécie de filosofia muito popular na Índia, inclui alimentação, postura, contato com a natureza e massagem entre outras tantas coisas mais. Tudo para ficar melhor consigo mesmo.
Cada um com um professor de seu respectivo sexo, aprenderíamos as técnicas dessa massagem super-relaxante no período da manhã por três dias e teríamos as tardes para nos dedicar às pequenas coisas do dia a dia que tanto nos agradam.

Minha professora estava mais interessada em ensinar tudo o quanto antes. Queria usar o último dia para ganhar mais um dinheiro fazendo pintura de henna nas mãos, ensinando massagem de cabeça, tentava me oferecer qualquer coisa. Quando ela finalmente entendeu que eu não ia gastar mais dinheiro sossegou um pouco. Já o professor do Preto era mais tranqüilo e nos convidou para conhecer sua casa e sua família e lá fomos nós.

Chegamos a tardinha e fomos recebidos com salgadinhos e muita cordialidade. Logo de cara uma demonstração típica da vaidade indiana. As mães enfeitam seus bebês com tornozeleiras de prata e pintam seus olhos de preto. É até engraçado porque não é raro ver crianças todas borradas depois de chorarem.

Enquanto o Preto conversava com os meninos, a irmã do professor dele veio conversar comigo. O assunto foi casamento, é claro. A família deles pode ser considerada bem moderna, visto que não coloca tanta pressão nos filhos para se casarem de uma vez. Ela me perguntou se eu acreditava em casamentos arranjados ou não.

Expliquei pra ela que no meu país não existiam casamentos arranjados, que cada um se casa com quem quiser e cada vez mais não se casam. Ela me disse que seu pai era legal, que permitiria que ela conhecesse seu futuro marido antes do casamento e que ela poderia até sugerir alguém desde que fosse da mesma casta. Só que ela não havia se interessado por ninguém até então e como o tempo estava passando ela não se importaria se o pai dela escolhesse.

Daí ela me mostrou todo o álbum de casamento da cunhada dela, explicando foto por foto. A cunhada que também morava na casa passou por ali algumas vezes, sempre com o rosto coberto por um véu, a final as mulheres que se mudam para a casa da família do marido têm que andar cobertas até dentro de casa.


É! Essa é a Índia, isso continua acontecendo sim, sempre. Casamentos arranjados, sem os noivos se conhecerem, sempre dentro da mesma casta.

Bem, mas vamos ao nosso dia a dia em Pushkar... a cidade apesar de pequena tem um comércio enlouquecedor. Quem sai na rua tem que ficar desviando dos vendedores que pegam mesmo no pé, dos cocôs de vaca por todos os lados e das chifradas. Vish, perdemos as contas em quantos cagalhões pisamos e quantas chifradas levamos, mas todas de leve, ainda bem!!!

Mas uma coisa que custou até a gente aprender foi o jeito de dizer sim dos indianos. Toda vez que a gente perguntava alguma coisa para alguém a criatura respondia acenando a cabeça para os lados, como quem diz quem sabe, talvez.



E a gente ficava de cara e nunca sabia se podia ou não, se era ou não. A gente sofreu até que caiu a ficha. O sim com a cabeça é pros lados e não pra frente como a gente faz. Mas, apesar de saber, toda vez que perguntamos e eles respondem que sim do seu jeito a gente continua com aquela dúvida, impossível não ter.

Depois de dois dias na cidade a galera já conhecia a gente. Todo mundo já sabia que a gente era brasileiro, não tínhamos mais como usar a nossa técnica do me deixa quieto. Sério, tem vezes que estressa porque simplesmente todo mundo que passa por ti na rua te dá oi, te pergunta de onde tu és, há quanto tempo tu estás na Índia e quanto tempo vais ficar, por onde tu já passaste, qual a tua profissão, quanto tu ganhas....e por aí vai.

Tem vezes que tu respondes, nem tudo é claro, mas de acordo com o passar das horas tu perdes a paciência. Então nossa técnica era, se a gente não estivesse a fim de falar e nos perguntassem de onde a gente era a gente respondia de Israel. A única maneira de deixarem a gente quieto. Em geral os indianos não gostam muito dos turistas israelenses, porque eles vêm em grupos e aprontam um monte. Mas brasileiros ninguém deixa em paz, todo mundo quer dizer que conhece o Ronaldo!!!

Mesmo com algumas dificuldades nossa estadia de cinco dias em Pushkar foi muito legal, deu pra recuperar as energias e aprender a fazer uma massagem das boas. Quem quiser conferir é só se candidatar. Nos despedimos desse post com uma foto de um típico Tali indiano, comida de todos os dias, o nosso feijão com arroz, que todo mundo come com a mão. Nós usando colher é que somos vistos como estranhos por aqui, repita quantas vezes quiser e o preço, um real!!

10 comentários:

Anônimo disse...

Oii, que bom que vcs conseguiram descansar um pouco!! Tu nem gosta de um feijãozinho c arroz né Line,heheheh Saudades!!beijos p vcs!!

Anônimo disse...

Po, tirando a Camila acho que ninguem mais leu o blog. 8(

Anônimo disse...

Oie!!! Augusto nem te preocupa, tem mais gente que lê heheheheh eu aqui não perco um "capítulo"... Aline as amigas vão querer testar a massagem indiana hahahaah bjs para vcs!!!!

Anônimo disse...

Oi meus amigos!!! Meus companheiros virtuais...sim...desculpa não ter escrito, devido ao tempo corrido no Perú, mas eu sempre dava uma espiadinha, risadinhas, e sempre mandando muita energia boa p os dois!!! Amei a foto com o nenê no colo! Aline, sabes o qto és linda por fora, mas a tua beleza interior não tem explicação...e isso eu posso ver pelas fotos o qto ela está...q palavra posso usar...radiante! Um super abraço, te adoro muitão! Se cuidem...Tailândia vos espera!!! (rsrs) Se bem q a experência com o cara do elefante não foi a das melhores...mas lá vai ser diferente!!! Bjks da veinha

Anônimo disse...

Visse Augusto, família Santos em peso,ehhehe beijão p vcs, aguardo mais novidades!!!

Duda Grill disse...

estou amando a viagem!!!
quero ir pra india tbb!!!
heheheh
aproveitem SE CUIDEM!!!!
amo vcs!!
beijos

Anônimo disse...

Oba!! O que seria da audiencia desse blog sem nossas fieis Claudia, Nanda e Camila,hehe.
Um beijo pessoal!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Uma verdadeira viagem, foi impossível interromper a leitura, estava teclando com a Márcia pelo MSN e num dado momento ela me apresentou o blog, bem, no início fiz alguns comentários que colo aqui: (humor, romantismo,paixão, pavor, eles escrevem apaixonantemente lindo, estilo muito próprio, equilíbrio, expressam com clareza e não se perdem em cansativos dedalhes, uma criança vibrante com o brinquedo novo que não quer largar com a maturidade descritiva e narrativa de quem equilbra conceitos de construção e estilistica com originalidade.)então acabei por me encantar com a narrativa,E claro, fantástica viagem..parabéns "Jovens".Grato à Márcia por me apresentá-los e a vocês por proporcionar-me essas maravilhas.

Anônimo disse...

Oi Gigio.
Bem-vindo ao nosso blog. Que bom que vc está gostando de viajar com a gente, um beijão tb pra todo mundo que nos acompanha, valeu!!