quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Nas areias róseas da Jordânia

Jordânia. País árabe muçulmano dentro do Oriente Médio, é meu amigo...aqui as coisas são diferentes. Apesar de ser um reino governado por um rei bem jovem e aberto para questões econômicas mundiais, o país ainda conserva fortes influências beduínas e da sua vizinha Arábia Saudita. Mesmo assim ainda é considerado o mais aberto da região e o junto com a Turquia são os únicos que reconhecem Israel como um Estado.

Isso na teoria, porque na prática quem disser que esteve em Israel será ignorado ou alvo de caras feias (na melhor das hipóteses). Aqui, todo o território que envolve Israel e os territórios palestinos deve ser chamado de Palestina e ponto final. Enquanto a rainha belíssima posa sorridente para fotos com longos cabelos escovados à mostra, nas ruas de Amã (a capital do país) quase não se vêem mulheres.

Mesmo nos serviços de limpeza, nos bazares e mercados de roupas, funções em que estamos acostumados a ver uma maioria feminina trabalhando, aqui quem faz são os homens. Mulher na rua só acompanhada e com cabeça e pescoço bem cobertos, com exceção das estrangeiras. Uma questão muito séria que está longe da estar sob controle é o assassinato de mulheres por membros de sua família.

Segundo as tradições locais se o marido ou família de uma mulher se sentem desonrados por ela, podem matá-la. Isso inclui adultério ou perda da virgindade antes do casamento, mas é muito subjetivo e dificilmente existem provas dos fatos, às vezes basta uma suspeita. A lei não aceita, mas também não pune devidamente esses crimes e assim assassinos podem acabar apenas alguns dias na prisão ou até mesmo impunes.

E essa é a impressão que tivemos da Jordânia, um país com raízes árabes muçulmanas muito fortes, porém sem a mesma quantidade de petróleo e riquezas que seus vizinhos. Sendo assim se vê obrigada a se abrir um pouco tanto para uma relação mais cordial com Israel quanto para o capital estrangeiro que vem chegando e privatizando tudo pelo caminho. Não que seja uma questão de vontade e sim de necessidade.

Amã é uma cidade muito rica historicamente, tem várias ruínas da época da ocupação Romana bem como verdadeiros tesouros arqueológicos. Instrumentos e arte feitos pelo homem há 7 mil anos, sendo assim, alguns dos mais antigos que se tem conhecimento.

Tem muita gente rica andando de Mercedes, mas também tem muita gente pobre. Quase tudo é da mesma cor, com aquele tom pálido de deserto e ao andar pelas ruas tivemos uma sensação engraçada, do tipo “olha só onde a gente está”. E começar a adentrar o mundo árabe de verdade nos deu vontade de não parar por aí.

De ver o extremo, como realmente é dentro da Arábia, Irã, Afeganistão, onde até eu (Aline) teria que vestir burca. Só que agora é tarde de mais, dessa vez não vai dar, não com esse passaporte. Ah, mas ainda tem muito tempo pela frente e com certeza em breve a gente volta pra essas bandas.

Em Amã ficamos hospedados na casa do Sushi um menino de 21 anos que trabalha como guia e bar man, tem cara de tailandês, fala inglês perfeitamente e vive uma vida muito agitada. A casa era uma bagunça, entra e sai de gente toda hora e festa todas as noites. Conversamos com ele pra tentar entender melhor aquela situação. Sushi nos disse que seu pai árabe conheceu sua mãe durante uma viagem à Tailândia, casou-se com ela no Egito e levou-a para morar na Arábia Saudita. Lá ele nasceu e cresceu, a primeira vez que viu o rosto de uma mulher (sem ser o de sua mãe e sua irmã) foi durante uma viagem à Jordânia quando ele tinha 14 anos.

Ele disse que não se enquadrava naquele mundo e se mudou para a Jordânia primeiramente como objetivo de estudar, porém as coisas mudaram. Após ver as tatuagens e piercings do menino, o pai simplesmente cortou todas as relações com o filho, sejam financeiras ou pessoais. Daí Sushi largou os estudos e foi trabalhar, disse que aprendeu inglês assim, atrás do balcão de um bar. Alugou um apartamento com um americano que a partir daí passou a ser o refúgio para todos seus amigos jovens que vivem o mesmo dilema, mas continuam morando com suas famílias.

Em uma situação específica estavam lá alguns amigos, um cristão e alguns muçulmanos, numa discussão religiosa e ideológica fervorosíssima, entre eles um jovem descendente de uma família muçulmana importante. O cara sabia muito de história, falava vários idiomas, mas estava totalmente perdido.

Cabelos compridos, recentemente alugando um lugar onde ele poderia levar as estrangeiras com quem gostava de dormir (desde que não fosse sempre a mesma), mas com a angústia da pressão do pai que impôs o limite de um ano para que ele se casasse. E disso ele não poderia fugir. De Amã seguimos para o sul da Jordânia até Petra, considerada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo. Quem já viu Os Flinstones e se lembra de Bedrock sabe o que imaginar.

Hoje é somente um sítio arqueológico, mas no passado foi uma importante cidade e rota comercial. Estradas, casas, mausoléus, igrejas e estradas, tudo esculpido ou escavado diretamente na rocha cor de rosa.

O lugar é impressionante, mas caro... só que dessa vez demos sorte e ao chegarmos na cidade conhecemos dois gringos que estavam indo embora e ainda tinham o ingresso para um dia. Resultado: conhecemos Petra de graça, foi corrido, apenas 5 horas para ver tanta coisa linda, mas valeu!

Próxima parada: Wadi Rum, um dos desertos da Jordânia e tido como um dos mais bonitos do mundo. Estávamos meio apreensivos porque nossa experiência anterior em deserto para quem se lembra (e agente não esquece) foi digamos bem tempestuosa. Que lugar lindo! Olha que não é mais qualquer coisa que nos surpreende, mas o Wadi Rum conseguiu. Passamos o dia todo entre dunas de areia cor de rosa, rochas e montanhas esculpidas pela natureza nos mais diferentes formatos.

Dá uma sensação de paz gigante, bem como a impressão de ser tão pequeno no meio de toda aquela imensidão. Nossa noite foi embalada com música tradicional beduína e depois foi só colocar os colchões no lado de fora e deitar sob o céu estrelado. Dessa vez tivemos uma noite tranqüila no deserto, ainda bem. Partimos logo após o nascer do sol de volta a Amã para comer shwarma, homus e novamente colocar o pé na estrada.


domingo, 14 de dezembro de 2008

Andando na Terra Santa

Chegamos a uma etapa da viagem que rendeu boas discussões. Desde o início era um lugar pra onde eu (Aline) queria porque queria vir. O Augusto, no entanto era mais receoso devido a tanta coisa que víamos nos jornais e pelo fato de termos planejado nossa chegada aqui com muita antecedência.

Ou seja, não tínhamos como saber se quando finalmente chegasse a hora do Oriente Médio as coisas por aqui estariam tranqüilas ou homens-bomba estariam explodindo nos territórios palestinos. E assim ficou tudo meio em aberto deixando a decisão de qual seria nosso itinerário na Terra Santa para a última hora.

A situação é complicada demais para explicar aqui em poucas palavras, mas pelo que a gente entendeu dois dos principais habitantes da região brigam pelo território entre si. Muçulmanos descendentes de árabes e judeus (vindos principalmente durante o período das guerras mundiais). Os árabes não reconheceram de jeito nenhum a formação do Estado de Israel, atacando-o um dia depois de sua formação oficial. Muitos dos muçulmanos que viviam na região fugiram em busca de segurança e com a vitória de Israel não puderam voltar para as terras em que moravam passando a viver em países vizinhos como refugiados ou em territórios restritos dentro de Israel.

Os palestinos não se decidem pela formação de um estado palestino-árabe, pois assim estariam limitando seu território e a possibilidade de anexar mais terras, enquanto isso Israel se arma e controla as fronteiras com a Faixa de Gaza e Cisjordânia. E de vez em quando alguém resolve se explodir com tudo em volta. O conflito já dura anos e parece que não tem hora marcada para chegar ao fim. Sempre que um lado se sente atingido é muito provável que queira revidar. Quem sofre com isso são os civis tanto de um lado quanto de outro, porque no final das contas são todos seres-humanos e acreditam em Deus independente do nome que dão a ele.

Algo que no meio a tanta coisa se transforma em um pequeno detalhe, pequeno mesmo, porque quem vive lá não dá muita importância pra isso é que Belém na Cisjordânia é o local onde Jesus Cristo nasceu. Jerusalém em Israel é onde ele viveu, foi crucificado e ressuscitou, ou seja dois lugares super-sagrados para o cristianismo e Igreja Católica. O mesmo Jesus para o qual foram construídas inúmeras Basílicas sofisticadas cheias de ouro das Américas na Europa. Mas calma, ainda tem muito chão até chegar em Jerusalém, ainda nem saímos do Egito.

Antes de entrar no meio da confusão decidimos prestigiar uma figura que é importante e profeta para as três religiões, o Moisés. Nos dirigimos ao Monte Sinai não na tentativa de receber os 10 mandamentos e sim de ver um nascer do sol inesquecível. Mas como chegar ao topo do Sinai (segundo maior pico do Egito) antes do nascer do sol? Só subindo na madrugada, oba uma dessas a gente ainda não tinha encarado.

Trilha subindo montanha de madrugada, cercados de beduínos e camelos, temperatura se aproximando dos 0 graus é bem assim que a gente gosta. Principalmente se várias estrelas cadentes nos acompanham pelo caminho e o visual lá de cima é...bem, sem palavras, ta aí pra quem quiser ver.

Da península do Sinai seguimos para a fronteira entre Egito e Israel e de lá para o Mar Morto, que fica na região mais baixa do planeta, a cerca de 417m abaixo do nível do mar. Nosso passaporte foi marcado com o carimbo de Israel e por causa disso agora não podemos mais entrar na Síria, Arábia e Líbano usando o mesmo.

Paramos em Eingedi para nos banhar, ou melhor, boiar nas águas salgadas do Mar Morto. A água é muito salgada, bota salgada nisso, chega a arder e assim que seca esfolia a pele, é só andar 50 metros pra se assar todo.

Não precisa nadar, pode entrar na água, cruzar as pernas e os braços que bóia de qualquer forma. Experimentamos a famosa lama que é vendida sob a forma de cosméticos a um preço mais salgado que o próprio mar só que para nós não custou nada. Lama milagrosa, com certeza depois dela ficamos muito mais bonitos!!!

Desde que se coloca o pé em Israel já é possível sentir o clima. Tem que explicar direitinho de onde vem, pra onde vai, passar bagagens no Raio-X duas vezes, abrir bagagens e tirar tudo pra fora, tudo isso sempre cercado de jovens armados.

O serviço militar é obrigatório por 3 anos aos homens e 2 às mulheres, sem exceção. Então chovem jovens fardados e armados pra tudo que é lado e além disso muita gente também tem porte de arma. Conclusão: dá até medo porque onde quer que tu olhes tem um cano de revolver, tomara que não na tua direção.

Em Jerusalém não é diferente, mas o que mais chama a atenção são os judeus ortodoxos. Tem uma parte da cidade em especial que é quase que uma bolha, só se vêem eles, todos praticamente iguais, calça e casaco pretos, camisa branca, corte de cabelo curto com cachos compridos nas costeletas e chapéu. Ficamos hospedados na casa do Noam e da BatSheva, um casal judeu que nos respondeu um zilhão de perguntas que a gente tinha sobre o judaísmo e toda situação da região.

Visitamos também o Museu do Holocausto Yad Vashem no qual entramos mudos e saímos calados depois de ver com detalhes o horror que aconteceu com essa gente durante a Segunda Guerra Mundial onde aproximandamente 10 milhões de judeus foram mortos. Com tudo isso dá pra tentar começar a entender essas pessoas com roupas e cabelos que a primeira vista parecem estranhos, mas que na verdade são réplicas fiéis dos trajes que eles usavam na Europa nos tempos de guerra. Ou seja, uma maneira de dizer que eles resistem apesar de terem sido vítimas de uma tentativa de extermínio.

Jerusalém é território israelense, Belém é território palestino, poucos quilômetros e uma rígida fronteira separam as duas cidades, no entanto cada uma parece pertencer a um mundo diferente. Belém é uma típica cidade árabe muçulmana oriental, aproveitamos uma tarde para visitá-la e conhecer o local que acredita-se ser onde Jesus Cristo nasceu. Uma estrela dourada no chão marca o lugar exato dentro da gruta sobre a qual hoje existe uma igreja.

De volta a Jerusalém, ou melhor, a antiga Jerusalém, cidade murada separada em quatro quadrantes: um armênio, um muçulmano, um judeu e um cristão. Visitamos o Muro das Lamentações na parte judia, com espaços separados para homens e mulheres e milhões de papeizinhos com pedidos, orações e agradecimentos enfiados nos vãos entre as pedras.

Na parte cristã subimos o Monte das Oliveiras e estivemos onde Maria nasceu, no local da última ceia, na gruta onde Jesus foi traído por Judas e preso, acompanhamos o trajeto da Via Crusis até o lugar onde supostamente houve a crucificação e a ressurreição. Ao mesmo tempo que todo esse trajeto é sensibilizante existe sempre aquele ar de pode ser que não seja bem assim já que se sabe que a Jerusalém de dois mil anos atrás não é a mesma de hoje. A cidade era menor e várias outros blocos foram construídos sobre as construções originais, além disso os muros foram expandidos algumas vezes.

A gente sabe que tem muito comércio em jogo, já que a Via Sacra passa por um grande mercado de souvenires, mas mesmo assim a parte antiga de Jerusalém vale a pena.

Muito da parte nova tem cara de ocidente, todo mundo fala inglês além de hebráico. O custo de vida é alto e dizem que muita grana vem dos judeus americanos para sustentar as forças armadas. Conversamos com alguns jovens locais e contamos nossas experiências refazendo o trajeto de Cristo, após notar uma certa indiferença ainda deu tempo pra uma última pergunta antes de seguirmos o nosso rumo. “Como vocês enxergam Jesus?” A resposta veio assim: “foi só um cara que veio e fez uma baita bagunça.

Dessa forma fechamos mais um capítulo da nossa viajem. Novamente abordando questões religiosas e como elas influenciam a dinâmica do mundo. Aproveitando para dizer aqui que na nossa opinião as crenças de cada um não justificam preconceito muito menos violência. Paz no Oriente Médio.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Egito, do Rio Nilo ao Mar Vermelho

Acha que vir pro Egito se resume em ver pirâmides? Então está muito enganado. Em meio a um país de desertos, onde a maioria esmagadora da população se restringe a uma mínima parte do território, há algo que foge a regra e modifica totalmente a paisagem. O Rio Nilo, cuja importância milenar permanece até hoje, ao redor do qual floresce o verde e a vida e onde se concentra a maioria dos sítios arqueológicos do país.

Seguindo a dica do nosso amigo Rodrigo Ahavis que morou no Egito por um tempo, seguimos em direção ao sul até a cidade de Aswan. Não estávamos fazendo muitos planos para lá, principalmente após ter encarado 17 horas de trem. Queríamos apenas agendar uma das inúmeras felluccas para subir o Nilo no dia seguinte. No entanto a atmosfera da cidade nos fisgou, com aquele gostinho de oriente que nos incomoda, mas nos fascina.

Novidade mesmo só o papo de deserto, do tipo engraçadinhos perguntando para o Preto quantos camelos eu valia. Será que com as mulheres de lá isso também tem um tom de brincadeira? Já pensou uma conversa entre amigas comparando a quantidade de camelos que cada uma vale?! Nem precisa dizer que em Aswan os preços são super-inflacionados e reina a lei da pechincha, mesmo assim sobrevivemos graças ao bom e velho Kochare. Lentilha, arroz, macarrão, cebola frita, molho de tomate e grão de bico, tudo misturado, bom de mais e nada melhor para intercalar com pitas e falafels (pão recheado com salada tahini e bolinho frito de massa de grão de bico). E aí, abriu o apetite?

Nossa viagem de veleiro Nilo acima durou dois dias e duas noites. O tempo inteiro dentro do barco com mais 10 pessoas e dois guias. Eu (Aline) estava com uma baita gripe e capotei, dormi a maior parte do tempo. Mesmo assim lembro das margens verdinhas do rio cercadas de montanhas pálidas desertas.


Nossa chegada foi em Komo Ombo e de lá seguimos para Edfu onde visitamos o Templo de Horus, o primeiro do nosso trajeto. É um dos mais bem preservados do país, as paredes esculpidas ainda exibem desenhos impressionantes (com exceção de algumas divindades e da parte que representava os genitais masculinos, os quais foram destruídas por invasores romanos e persas).

De Edfu direto para Luxor, antiga Tebas que foi o centro do poder no auge da antiga civilização egípcia. Lá estão localizados o Vale dos Reis, onde se encontram as tumbas dos faraós mais importantes desse período e o Templo de Karnak, um gigantesco complexo que disputa com o Angkor Wat no Camboja o título de maior construção religiosa existente.

O templo de Karnak é dedicado a Amun, o Rei dos Deuses. Teve a colaboração de diversos faraós, que adicionaram novas estruturas ao lugar ao longo dos tempos. Chegamos lá caminhando, meia hora de baixo de um sol de matar percorrendo as ruelas da cidade, passando por zonas onde casas simples estão construídas em meio a lixo e praticamente em cima de obras milenares.

Conhecer o templo vale a pena, esculturas e pinturas ainda preservadas mostrando o estilo e a arte das antigas civilizações. Agora difícil é chegar ao Vale dos Reis no outro lado do rio. Como a gente já descreveu aqui no blog, já passamos por algumas situações nem um pouco confortáveis com pessoas que grudam e tentam de toda forma conseguir algum dinheiro, mas num ponto a gente concorda, nesse aspecto o Egito ganha de todos os lugares.

Tem uns caras (taxistas) que fazem uma verdadeira perseguição, houve um deles que nos acompanhou sem ser desejado por uma caminhada de 10 minutos e nos esperou do lado de fora de uma lancheria onde tomamos um demorado café da manhã de 20 minutos. Após todas as nossas investidas para que nos deixasse em paz ele continuava na nossa cola até o ponto em que eu disse que se ele não parasse de nos seguir eu iria chamar a polícia. Parece agressivo da minha parte, mas não é nada legal ter um alguém atrás de ti te pressionando desse jeito. O pior é que se tu reclamas eles ficam de cara, e não adianta dizer que quem quer respeito precisa respeitar primeiro.

O fato é que se eles têm os esquemas deles para arrumar grana nós temos os nossos para economizar e assim conseguimos uma carona até o Vale dos Reis (lugar para o qual geralmente se paga caro para ir). O motorista de uma van que estava voltando para casa após ver nossa pesquisa acirrada pelos preços mais baratos disse que ia nos levar lá porque viu que a gente era muito pobrezinho.

Chegamos super empolgados pois havíamos escolhido a dedo quais tumbas visitar (já que o ingresso só dá direito a três). No entanto as principais estavam fechadas para reforma e a de Tutankamon, a mais famosa e a única encontrada intacta era mais cara. Decidimos então entrar na de Thutmose III uma das mais anitagas e profundas, de Twoseret e Ramses IX que é a mais visitada, mas para nós foi a menos interessante já que muitos de seus componentes foram levados para o British Museum na Inglaterra.


Agora imperdível em Luxor é vôo de balão. Devido à alta concorrência é um dos lugares mais baratos no mundo para se fazer isso e toda a função é bem emocionante. Primeiro acordar às 4 da madrugada e embarcar enquanto ainda é noite. O balão vai alto e sobrevoa o Vale das Rainhas e o Vale dos Reis dando uma boa idéia de como se organizava aquela civilização nos tempos antigos. Dá pra ver também o Nilo e sua estreita margem verde no meio de uma imensidão de deserto por todos os lados. Até que quando se está bem lá em cima, cercado de mais outros 20 balões o sol nasce no horizonte e nos propicia mais um momento inesquecível nessa aventura louca de viajar pelo mundo.


Mas...o pior é que depois de uma coisa boa sempre tem um mas. Nem tudo são flores e tivemos que encarar nossa única e também inesquecível viagem de ônibus no Egito.

No país rola um controle forte sobre os estrangeiros nas estradas já que não foram raras vezes que seqüestraram gringos por aqui. Sendo assim os ônibus e micro-ônibus viajam em comboios e a cada duas horas (ou menos) tem uma parada para apresentação de tíquetes e passaportes. Nossa viagem de Luxor a Dahab que supostamente duraria 12 horas acabou durando quase 20 e foi parando a madrugada inteira.

Muito cansativo, chegamos lá uns zumbis com os pés inchados, famintos e pedindo um banho, só pra variar. Mesmo assim valeu a pena, estávamos na Península do Sinai. Dahab é uma das principais cidades litorâneas da região, considerada um dos melhores picos de mergulho do mundo.Na beira do mar não há praia, simplesmente um abismo. Onde a água encosta na terra já há uma queda para 15 metros de profundidade (nas áreas mais rasas).

E uma surpresa, o mar vermelho não tem nada de vermelho, é azul, mas azul AZUL! Principalmente de baixo d’água e a vida marinha é muito rica, especialmente em peixes e corais. O lugar é alucinante, cercado de cadeias de montanhas e com a Arábia Saudita ali na frente, bem visível do outro lado do Golfo de Aqaba. Essa é a terra dos beduínos e do Moisés que como diz a Bíblia abriu o Mar Vermelho aqui por essas bandas. Mas isso á assunto do nosso próximo post, à medida que nos aproximamos da Terra Santa.